ATA DA SEXTA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA,
EM 13-02-2014.
Aos treze dias do mês de
fevereiro do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias
Villela, Idenir Cecchim, João Derly, Jussara Cony, Kevin Krieger, Lourdes
Sprenger, Mauro Pinheiro, Mônica Leal, Paulo Brum, Professor Garcia e Tarciso
Flecha Negra. Constatada a existência de quórum, o Presidente declarou abertos
os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alceu
Brasinha, Any Ortiz, Bernardino Vendruscolo, Delegado Cleiton, Dr. Thiago,
Elizandro Sabino, Engº Comassetto, João Carlos Nedel, Marcelo Sgarbossa, Márcio
Bins Ely, Mario Fraga, Mario Manfro, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Sofia
Cavedon e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do
Legislativo nº 015/14 (Processo nº 0251/14), de autoria do vereador Paulinho
Motorista; o Projeto de Lei do Legislativo nº 014/14 (Processo nº 0239/14), de
autoria da vereadora Séfora Mota. Do EXPEDIENTE, constaram: Comunicado do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação, emitido no
dia sete de janeiro do corrente; Ofícios nos 012/14, de Roberto
Canquerini, Presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul,
004/14, do vereador Vladis José Scorsatto, Presidente da Câmara Municipal de
Veranópolis – RS –, e 004/14, do vereador Sandro Veiga, Presidente da Câmara
Municipal de Itaqui – RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os
vereadores Mônica Leal, Bernardino Vendruscolo, Alberto Kopittke e Any Ortiz.
Após, o Presidente registrou as presenças, em Comparecimento, de Gerson Luiz
Souza da Fonseca e Airton Roberto Rehbein, respectivamente Supervisor da
Auditoria Municipal e Auditor Público Externo do Tribunal de Contas do Estado
do Rio Grande do Sul, concedendo a palavra a Suas Senhorias, que apresentaram
relatório da Inspeção Especial referente ao transporte coletivo por ônibus de
Porto Alegre. Em prosseguimento, os vereadores Airto Ferronato, Alberto
Kopittke, Jussara Cony, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna e Dr. Thiago
pronunciaram-se e formularam questionamentos acerca do assunto abordado pelos
representantes do Tribunal de Contas do Estado. Também, o Presidente concedeu a
palavra aos senhores Gerson Luiz Souza da Fonseca e Airton Roberto Rehbein,
para considerações finais e resposta aos questionamentos formulados pelos
vereadores. Às dezesseis horas e cinquenta e um minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e cinquenta e
dois minutos. Ainda, foi
aprovado Requerimento de autoria do vereador Reginaldo Pujol, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Tarciso Flecha Negra, Alceu Brasinha,
Kevin Krieger e Delegado Cleiton e as vereadoras Jussara Cony e Fernanda
Melchionna. Na oportunidade, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo
vereador Dr. Thiago, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Durante a Sessão, os vereadores Idenir
Cecchim, Delegado Cleiton, Engº Comassetto e Kevin Krieger manifestaram-se
acerca de assuntos diversos. Às dezessete horas e trinta minutos, o Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para a Sessão Ordinária
da próxima segunda-feira, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor
Garcia e Guilherme Socias Villela e secretariados pelo vereador Guilherme
Socias Villela. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e
aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Presidente, Ver. Garcia; Vereadores, Vereadoras, pessoas que nos
prestigiam com a sua presença e as que nos assistem pela TVCâmara; eu ocupo
hoje esta tribuna para, primeiro, fazer um registro da minha tristeza e revolta
em relação à morte do repórter-cinegrafista Santiago Andrade. Era uma morte
anunciada, não aconteceu no acaso ou foi uma tragédia, isso era previsível se
nós fizermos uma retrospectiva dos movimentos que vinham acontecendo Brasil
afora. Aqui mesmo, em Porto Alegre, nós tivemos manifestações violentas sob o
pretexto de lutas, causas que não existem senão com o único objetivo de depredar,
destruir, aterrorizar, agredir. Por que digo isso? Porque quem tapa o rosto,
quem esconde a cara, quem usa máscara tem um objetivo: fazer o mal, é bandido!
Do contrário, estaria de cara limpa. É até uma incoerência nós precisarmos
falar isso constantemente na imprensa ou mesmo nesta tribuna, porque nós
lutamos pelo voto aberto. Somos contra o voto secreto e aceitamos que as
pessoas participem de manifestações com a cara tapada, com o objetivo de não se
identificarem.
Eu fico muito triste – mas ainda esperançosa – já
que esta Casa perdeu a oportunidade de ser pioneira contra o vandalismo, a
depredação, o assassinado, as agressões a que nós assistimos pelo Brasil afora.
Eu entrei com um projeto em setembro proibindo o uso de máscaras ou qualquer
possibilidade de cobrir os rostos, porque eu via nisso uma forma muito clara.
Ora, se quer protestar, eu sou a favor de toda e qualquer manifestação
pacífica, respeitosa. Mas não, a Câmara se encolheu e ainda está encolhida
porque o projeto está aí tramitando, porém, neste momento, pediram vista. Eu
lastimo profundamente porque eu não faço política para agradar ninguém. Aliás,
por vezes, perco votos, mas ganha a minha consciência e durmo muito bem.
Nós estamos assistindo a uma verdadeira guerra pelo
Brasil, e Porto Alegre não escapou disso. Aqui estão as imagens dos mascarados
tomando conta das ruas, destruindo, depredando, aterrorizando. (Mostra
fotografia.) São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, por aí afora; um Coronel da
Brigada em São Paulo sendo acuado, agredido no seu ofício, o mesmo que
aconteceu com o jornalista. E isso aqui aconteceu o ano passado, ele poderia
ter morrido, qualquer um de nós está em risco!
Agora, não bastasse tudo isso, nós lemos nos
jornais, em todos os veículos: “Cachê de R$ 150,00 para tumultuar protestos”.
(Mostra jornal.) Esses jovens da periferia, esses jovens – como está aqui
contado para o jornalista – pobres, sem informação, vai uma van buscá-los em casa não para
participar de algum projeto cultural, é para botar o terror nas manifestações!
Cento e cinquenta reais. Quem faz isso? Vamos ver. A indagação deste momento é:
quem está promovendo isso no Brasil, em Porto Alegre? Alguém está bancando,
alguém está incentivando o terror nas ruas da Cidade. Aí fica a pergunta: quem
está incentivando e instigando? Esse tem tanta responsabilidade quanto o
cidadão que acendeu o morteiro e matou um jornalista, um repórter, um
cinegrafista! Pensem bem: nós podemos aqui defender várias ideologias
políticas, mas a consciência de todos nós, ela existe. Quem bota a cabeça no
travesseiro à noite e dorme tem que ter a responsabilidade de não incentivar o
assassinato. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras;
Ver.ª Mônica, eu inicio com o seu projeto. Eu tenho um leve sentimento de que
ele tenha uma sinalização de vício de origem. Mas, antes de vícios de origem,
Ver.ª Mônica Leal, eu tenho o sentimento de responsabilidade. Muitas vezes,
votei projetos aqui nesta Casa atropelando as questões – aspas – de legalidade
porque, acima de tudo, está a moralidade, o sentimento e o compromisso que cada
homem e cada mulher pública tem. Então, a senhora conte com o meu voto.
Aliás, diga-se de passagem, eu tenho votado com a
oposição, voto com a situação, tanto eu como o Ver. Tarciso Flecha Negra, o
Ver. Janta, que está em casa adoentado, porque nós temos que parar com esse
negócio de que, se é de um lado, é daquele lado; se é de outro, é do outro.
Assim foi o projeto que foi vencido aqui ontem ou anteontem que tratava de
proibir as empresas que recebem incentivos tributários de fazerem doações para
os mesmos que autorizam esses incentivos. Foi atropelado: vício de origem, lei
de iniciativa nacional, lei federal, enfim, tudo bem! Mas, enquanto eles não
fazem lá, nós temos que provocar aqui, nós temos que atropelar os nossos
Deputados, nós temos que atropelar o Senado. Eu fico com vergonha vendo páginas
e páginas dos jornais fazendo aquela publicidade toda de que, agora, o não é
mais secreto, de que, agora, conseguiram cassar... Nós aqui tínhamos que ter
essas páginas, porque há muitos anos nós não temos voto secreto aqui. Esse é o
sentimento que a grande imprensa tem que ter. Não é pegar o Congresso Nacional,
que terminou com o voto secreto, e dar páginas e páginas de publicização. Nós
aqui é que precisamos disso. Eu não sei, não é da minha época, mas eu estou
aqui desde janeiro de 2005, e nunca teve voto secreto, deve ser mais antigo
graças àqueles que enfrentaram isso, colegas nossos do passado que enfrentaram
isso. Esses têm os méritos, e nós temos a obrigação de seguir nessa mesma
trilha. Não devemos nos preocupar, em algumas questões, com o problema da
legalidade ou não; isso tudo é uma cortina de fumaça, muitas vezes, para nós
não enfrentarmos os problemas sérios.
(Aparte antirregimental do Ver. Airto Ferronato.)
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Mil novecentos e noventa e três, segundo o Airto
Ferronato.
Então, eu vou lhe dizer, Vereadora: se o seu
projeto não for aprovado, eu serei autor, acompanhado por todos os que
quiserem, para entrar na mesma linha, no mesmo sentimento, ou seja, permitir
que os policiais militares e civis também trabalhem com máscaras porque, se é
permitido àqueles que fazem manifestações se esconder, por que não é permitido
àqueles que fazem a nossa segurança também se camuflar? Qual é a diferença? Eu
também sou favorável às manifestações, mas não acredito que alguém que saia de
casa com máscaras saia de casa bem-intencionado. Não posso acreditar, Cecchim,
que alguém que saia de casa com máscara para se esconder pretenda fazer alguma
coisa boa. Quem usa máscara, quem se propõe a usar máscara quer se esconder de
uma responsabilização por um crime que vai praticar ou que praticou. Então, é
nessa linha.
Agora, vou voltar um pouquinho mais. Imaginem os
senhores e as senhoras que esse cidadão que morreu não morreu em vão, ele vai
salvar vidas neste Brasil porque, infelizmente, se tivesse sido um cidadão
comum, não teria tido a repercussão que teve. Em nome dele, que Deus o tenha,
ele vai nos ajudar a salvar milhares de vidas neste País, porque só assim, com
a infelicidade de um cidadão que trabalha na imprensa, com esse resultado, que
eu reprovo, mas preciso sinalizar o meu sentimento, nós vamos salvar vidas,
pois foi um jornalista. Meus sentimentos à família, aos colegas, enfim, a todos
nós, que não aprovamos o que aconteceu. Mas há de se fazer registro: se fosse
um cidadão comum, infelizmente, não estaria tendo todo esse reflexo
publicitário em nível nacional e internacional, e com isso, com certeza, nós
vamos salvar vidas. Parabéns a vocês todos que acompanham essa linha de
radicalização. Nós não precisamos mais agora ficar em cima de muro, aqui ou
ali, nós vamos radicalizar: quem está em defesa da sociedade e quem está
defendendo camuflado!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Caros colegas, muito boa-tarde a todos, a todas, Sr. Presidente, quero
começar dialogando aqui com os colegas sobre um vídeo de um Parlamentar do
mesmo Partido da Ver.ª Mônica, e nada mais falarei.
(Procede-se à apresentação de vídeo.)
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Essa fala do Deputado Heinze, que foi seguida por outra, do Deputado
Alceu Moreira, diz muito sobre o momento que nós estamos vivendo no País, que é
não, Ver.ª Jussara, um momento novo. De forma alguma se trata de algo inédito
na história do País. Não é por acaso que nós estamos vendo aqui nesta Casa
vozes reacionárias incitando para que se rasguem as liberdades constitucionais
em defesa, pretensamente, da democracia e contra grupos que estariam
desestabilizando o País. Isso já foi feito botando a culpa no antigo Partido
Comunista, e assim decretaram a ditadura por duas vezes no País no século
passado. Mas agora não farão! Agora, as forças democráticas não permitirão que
essas vozes reacionárias, que estão principalmente dentro do Partido
Progressista, que têm nome, que têm RG, o Partido do Deputado Bolsonaro, o
Partido da Deputada que, na Assembleia, se recusou a votar um projeto do
sistema de direitos humanos se ele tratasse de homossexuais, são as mesmas
vozes que apresentaram no Congresso Nacional, nesta semana, um projeto para
instaurar no Brasil a lei de terrorismo, Ver. Márcio Bins Ely, que tem como a
menor pena 24 anos de prisão, o dobro da de homicídio. E qualquer tipo de
desordem, diz a lei, no seu art. 4º, pode ser enquadrada como terrorismo. É a
vontade de muitos, há muito tempo, enquadrar todos aqueles que lutam por
direitos, que fazem greves, que se manifestam. E esses setores reacionários da
sociedade brasileira ficam aguardando que outros se equivoquem, aventureiros
equivocados na sua forma de agir sempre que existe um ato desses, para pedirem
para rasgar a Constituição do Brasil.
Não é acaso. Eu me encontrava no Ministério da
Justiça, em 2007, quando as Forças Armadas fizeram um pedido ao Presidente Lula
para que ele aprovasse a lei antiterrorismo no Brasil. São sempre os mesmos
setores! São setores radicais, que não têm nada a ver com a história, por
exemplo, de um Partido como o MDB, como o PDT, como o PTB, como o PSB, como o
PCdoB, que há décadas lutam neste País pela democracia.
Desta vez vocês não vão desestabilizar o Brasil;
vocês não vão conseguir dar um golpe no Brasil, como tantas vezes deram.
E é importante este debate, Prefeito Villela,
porque esta Casa está discutindo a oportunidade de fazer atividades sobre os 50
anos de descomemoração do Golpe Militar, que, desde o ano passado, não é mais
uma data das Forças Armadas, finalmente.
E esses setores que ainda chamam a Presidente da
República de terrorista e dizem que ela deveria ainda estar na cadeia - como
foi dito ainda hoje pela manhã, nesta Casa - não vão quebrar a democracia do
País, porque ela já é mais forte, porque ela consegue, ela tem instituições
fortes, como o Ministério Público, como as polícias, com as quais a ditadura
tentou acabar. Até hoje pagamos o preço por ter uma polícia desestruturada pela
ditadura. Mas as nossas instituições e os Parlamentos vão ter coragem e força
para impedir essas vozes radicais, aquelas pretensamente de esquerda,
aventureiras, rupturistas, totalmente equivocadas e que não estão de acordo com
os direitos humanos, essas vozes que hoje, de vez em quando, deixam cair a
máscara, como o Deputado Heinze fez. Mas eu quero agradecer Ver. Alceu
Brasinha, o Deputado Heinze, porque é graças a ele que conseguimos saber
efetivamente o que tantas pessoas pensam.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, só para não transitar em julgado, eu gostaria de pedir
ao Ver. Alberto Kopittke - que colocou o pronunciamento de um Deputado e
colocou o nome do Deputado Alceu Moreira embaixo - para separar as duas coisas,
porque não são a mesma coisa.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. ANY
ORTIZ: Sr. Presidente, eu não vou ocupar os cinco minutos, eu só venho aqui
para falar a respeito do que ontem falei nesta tribuna, a respeito dos cortes
da CEEE e de uma entrevista dada, hoje, pelo Secretário ao programa Gaúcha
Atualidade, na qual ele confirma que há, sim, cortes programados no sistema de
abastecimento de Porto Alegre. Vou ler para os senhores o que ele disse:
“Operador Nacional do Sistema que fica em Brasília. Só tivemos um corte que
eles nos obrigaram a fazer. Fizemos um corte na semana passada, há uns dez
dias, quando houve aquele problema no Norte do País. Daí desequilibrou tudo. A
gente recebe ordem, a operadora ordena, e nós temos que cumprir. Desligamos
alimentadores para aliviar a carga aqui. Foi a única situação.”
Então, com esta resposta, nós sabemos que a CEEE
precisa, sim, dar um retorno a nós, consumidores daqui de Porto Alegre. A CEEE
é a única abastecedora da nossa Cidade e, por esta entrevista, confirma que há
cortes programados e há desligamento da energia elétrica em algumas localidades
para aliviar a carga de luz que é gerada. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr. Presidente, gostaria que, após o comparecimento dos técnicos do
Tribunal de Contas do Estado, as lideranças inscritas pudessem voltar a
explanar o que teriam hoje a dizer à sociedade porto-alegrense.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): V. Exa. não estava presente quando eu disse que,
como hoje não tem Ordem do Dia, durante todo o tempo, os Vereadores podem usar
o Tempo de Liderança. Já tinha explicado antes, mas é pertinente e me
congratulo porque, mediante a interrupção, V. Exa. veio fazer esse clamor pelos
demais. Parabenizo-o.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Hoje temos o
comparecimento do Sr. Gerson Luiz Souza da Fonseca e do Sr. Airton Roberto
Rehbein, técnicos do Tribunal de Contas do Estado, que apresentarão o Relatório de
Inspeção Especial referente ao transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre.
Antes de chamar nosso convidado, quero fazer uma observação que julgo pertinente. Os senhores que vão falar hoje aqui são técnicos; eles fizeram um estudo, se debruçaram em cima desse estudo. Eles não têm o poder deliberativo. É nesse sentido que eu vou pedir a formulação quando questionarem dentro dessa visão sob a questão dos técnicos como consultores. Eles que buscaram informações para orientação do parecer do relator na oportunidade.
Quero chamar o Sr. Gerson Luiz Souza da Fonseca,
Supervisor da Auditoria Municipal, e o Sr. Airton Roberto Rehbein, Auditor
Público Externo. Com a palavra os senhores técnicos do Tribunal de Contas do
Estado.
O SR. GERSON
LUIZ SOUZA DA FONSECA: Boa-tarde, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras,
assessoras, assessores, demais cidadãos presentes na Sessão Ordinária. Como
vocês sabem – foi amplamente divulgado e noticiado aqui no Estado e até no País
–, houve, na quinta-feira passada, uma decisão do Tribunal de Contas sobre um
processo de Inspeção Especial na EPTC relativo à tarifa de transporte público.
Na ocasião, foi proferida a decisão, e antes, no dia 5, na quarta-feira
anterior, o Presidente do Legislativo, Professor Garcia, alguns Vereadores que
estavam presentes também, tiveram uma audiência com o Presidente Cezar Miola. E
o Tribunal de Contas, de comum acordo com o Presidente do Legislativo, colocou
que faria uma apresentação, aos Srs. Vereadores, dos principais pontos do
Relatório produzido pelo Tribunal de Contas e comentaria alguns aspectos da
decisão. É neste sentido que nós temos a satisfação de estarmos presentes nesta
Sessão Ordinária e fornecer subsídios para que vocês, legisladores do
Município, conheçam um pouco mais a matéria.
Como foi falado, é um processo que se originou em
2011, no Tribunal de Contas do Estado. Em julho/agosto de 2012, foi produzido o
primeiro Relatório; isso teve medidas cautelares, que vocês sabem, quando o
conselheiro Relator expediu, determinou que fossem tomadas algumas
providências, o Executivo cumpriu. Houve toda aquela questão da tarifa, muito
discutida, e culminou com essa decisão ocorrida no dia 6, quinta-feira passada.
Então é um processo muito complexo, que levou quase dois anos de um profundo
trabalho dos nossos técnicos, entre eles o Airton Rehbein, que está presente na
Sessão e vai explanar tecnicamente os detalhes do trabalho, da decisão. Eu quero
dizer também, com muita tranquilidade, que o Tribunal de Contas do Estado
sempre tem pautado sua conduta num diálogo permanente com os Poderes, com os
judicionados, e é nesse sentido que a gente traz essa colaboração.
O Professor Garcia esteve com o Presidente, semana
passada, ocasião em que foi pedido até a antecipação da Sessão; foi atendido
por um conselheiro relator, sensível às questões que afetavam os transportes na
nossa Cidade. E, no sentido de fornecer elementos até para o Executivo, houve essa
antecipação.
Como o Prefeito José Fortunati mencionou no final
da Sessão, conversando com o Presidente, em entrevistas, esse trabalho é um
marco, digamos assim, numa nova discussão do futuro do transporte coletivo, eu
ouso dizer, no País. É um debate que está se alastrando por vários Municípios;
o Município de Curitiba teve um procedimento, uma inspeção que culminou com uma
decisão na semana passada, casualmente, no mesmo dia, em que o Tribunal de
Contas proferiu a decisão, e o Tribunal de Contas do Paraná também.
Então, nesse sentido, gostaria de colocar a vocês
também que são questões, eminentemente, técnicas que o Airton, nosso auditor
público está trazendo. O Tribunal de Contas permanece à disposição de vocês
que, futuramente, vão fazer questionamentos; o Tribunal de Contas está de
portas abertas, é uma determinação até do nosso Presidente, Professor Garcia. A
participação do Tribunal de Contas em todo esse processo não se encerra aqui: o
Tribunal vem colaborar e está de portas abertas a todos vocês Vereadores e
demais cidadãos do nosso Município para que queiram tirar algumas dúvidas.
Como todos sabem também, é noticiado pelo Prefeito,
o Executivo tem intenção de, no dia 5 de março, instaurar um novo procedimento
licitatório. Então, vocês, que são legisladores, têm essa oportunidade de,
debruçados nesse trabalho, tentar dirimir algumas dúvidas indo ao Tribunal. O
Tribunal permanece à disposição, era isso que eu gostaria de dizer, Professor
Garcia e, de imediato, passando a palavra ao Airton Rehbein.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado. O Sr. Airton está com a palavra.
O SR. AIRTON
ROBERTO REHBEIN: Boa-tarde, Srs. Vereadores. É um prazer estar aqui
nesta Casa e trazer a nossa contribuição técnica, do Tribunal de Contas, desse
importante serviço essencial à população de nossa Cidade.
Eu vou utilizar os slides como apoio. Aqui também posso fazer uma comunicação visual
com os senhores através de dados que eu vou passar por ali.
(Procede-se à apresentação em PowerPoint.)
O SR. AIRTON
ROBERTO REHBEIN: Para a nossa agenda, eu pretendo discorrer sobre
esses seis pontos. Vamos ver se o tempo vai permitir resumir quatro mil páginas
em menos de uma hora, mas eu quero tratar um pouco sobre o trabalho realizado
pelo Ministério Público de Contas e pelo Tribunal de Contas. Quero apresentar
aos senhores dados do sistema de transporte de Porto Alegre, alguns exemplos
que julgo interessantes para se analisar custos tarifários, abordar as
gratuidades, também a planilha tarifária e, por fim, passar pelo Tribunal de
Contas, pelo Pleno, a recente decisão.
O nosso trabalho, antes de mais nada, quero dizer
que é um trabalho de equipe; são quatro mil páginas, doze volumes, e nós
tivemos diversos auditores públicos externos no campo da auditoria. Eu apenas
fui convidado pela Casa para apresentar o trabalho, tirar dúvidas, mas a equipe
da auditoria é uma equipe grande. Esse trabalho não foi realizado por mim, foi
também por mim, e nós temos toda uma estrutura de governança no Tribunal que
faz a revisão dos trabalhos, que dá orientação técnica, operacional ou
estratégica como as coordenações dos serviços da auditoria, como a supervisão
da auditoria também. Nós temos um serviço que se chama instrução municipal, que
acolhe os esclarecimentos do gestor após os nossos apontamentos, e essa área,
de maneira, então, isenta, faz o cotejamento do apontamento da auditoria e do
esclarecimento do auditor, justamente para que, de maneira isenta, verifique se
ficou algum ponto esclarecido ou não. Então, nós tivemos o trabalho desta
coordenação de instrução municipal, como chamamos, depois, a sua supervisão.
Esse trabalho, obviamente, tem toda a energia da Diretoria de Fiscalização e
Controle. O nosso Procurador-Geral, Dr. Geraldo da Camino, também trabalhou
nesse processo, bem como, a Dra. Fernanda Ismael, como Procuradora-Adjunta. O
gabinete do Conselheiro Relator, Iradir Petroski, teve uma importante missão,
pesada missão de levar para o Pleno a sua avaliação. Depois, também, os
gabinetes que votaram, no dia em que foi decidido esse processo, todos se
debruçaram sobre o seu conteúdo; claro, sempre capitaneados pelo nosso
Presidente Cezar Miola, que trabalhou de forma incansável para que fosse dada,
o mais rápido possível, a contribuição final do Tribunal a essa auditoria.
Bem, também temos de agradecer à EPTC, aos seus
gestores e técnicos, aos operadores do sistema, aos trabalhadores do sistema,
porque, durante todo esse período, nenhuma informação deixou de ser prestada.
Agradecemos à Prefeitura de Porto Alegre e também à imprensa. A imprensa tem um
papel importante; o tema é complexo, permite, muitas vezes, tirarmos conclusões
que poderiam ser melhores, mas vamos ganhando aprendizado e fazendo o melhor
possível.
Bem, a nossa auditoria começou por uma representação
no Ministério Público e passou por 15 pontos, os quais estão aqui de forma
resumida. Cada ponto deste é mais de meia página, a sua colocação, à época da
representação no Ministério Público de Contas.
Então, queria se verificar a consonância dos cálculos
que resultam na tarifa em Porto Alegre. Segundo ponto, como Porto Alegre se
posiciona em relação ao Brasil, às questões de custos tarifários de transporte.
Procurava indagar por que o reajuste da tarifa se dava em percentual superior
ao da inflação. Também a questão da existência de fundos de recursos criados
por lei que pudessem favorecer a modicidade tarifária; que nós fizéssemos uma
avaliação da qualidade dos serviços; que fosse avaliado o papel da Câmara de
Compensação Tarifária, que também se verificasse a destinação, dado os recursos
arrecadados pela EPTC dentro da tarifa, que é de 3% do bilhete. Também, que se
verificassem algumas constatações prévias do Ministério Público de Contas com
relação aos insumos, cotação de insumos. Que se fizesse detalhamento de todos
os itens da planilha. Que se verificasse se existiam receitas indevidas a
titulo de remuneração/depreciação da frota. Que se analisasse a margem de lucro
das empresas. Que se verificasse se a planilha de cálculo tarifário estava
sendo periodicamente revisada. Que se verificasse a possibilidade de receitas
financeiras serem produzidas, em decorrência da venda antecipada dos bilhetes
de passagem. Também, que se analisasse o papel do Conselho Municipal de
Transporte Urbano - COMTU. E verificar como funciona a venda antecipada de
passagens pela ATP. É bastante densa a representação do Ministério Público, e
nós, da Auditoria, fomos a campo.
Um segundo ponto, quero passar alguns dados do
sistema. Primeiro: os consórcios estão divididos dessa forma, quase que um
quarto do sistema para cada grupo. A Carris detém 22,07%; a STS, um pouco mais
que as demais, em função das linhas que são bem mais extensas e numerosas.
Aqui, eu tenho para mostrar para os senhores diversos dados, mas eu só vou
mostrar alguns. Porto Alegre hoje detém 400 linhas - em 2011. A frota total de
Porto Alegre, atualizada, está em 1.694 ônibus. Para terem uma ideia, em 2004 -
são 10 anos - havia 1.594. A frota hoje, para fins de acessibilidade, está em
60%, em 2013. Em 2004, tivemos uma legislação federal que estabeleceu 10 anos
para alcançar 100% da frota dos ônibus urbanos com acessibilidade. Porto Alegre
está agora, em 2014, com 60%. Mas, em 2004, tinha 20%; foi crescendo, e, agora,
está com 60%.
A questão da frota com ar-condicionado: a frota com
ar-condicionado tem se mantido, desde 2004, em torno de 21%, 22% do sistema.
Outro item importante e que traz conforto aos trabalhadores e, também, aos
usuários, é o motor traseiro. Em 2004, 60% dos veículos estavam dessa forma, e,
agora, 50% têm motor traseiro e 50% têm motor dianteiro. O veículo com motor
traseiro é mais caro. Com relação ao câmbio automático, em 2004, se tinha 26,
27% da frota, e, hoje, 22%. No próximo slide,
a gente vai poder depurar um pouco mais esses dados. As linhas, aqui, são
segregadas por consórcio operacional. Nós podemos observar que a Carris tem 30
linhas e que os demais consórcios têm uma quantidade bastante superior - em
destaque, o consórcio STS, com 158 linhas em 2011. Isso também acaba impactando
na própria frota total. A frota total do consórcio STS, em 2011, com 503
ônibus; a Carris, como empresa única e, então, maior empresa, com 361 ônibus –
destaco que apresento dados de 2011 porque foi quando começou a auditoria,
sendo esses os dados que vocês vão encontrar nos nossos relatórios.
Se nós falarmos de ônibus adaptado, a gente observa
que está bem equânime entre a Carris e os consórcios, por volta de 50% da frota
de todas essas bacias. Já com relação à frota com ar condicionado, a Carris se
destaca: em 2011, estava com praticamente 48% da frota com ar condicionado;
consórcio Conorte com 10%; consórcio STS com 20%; e consórcio Unibus com quase
16%.
Vale destacar também a linha que só tem a Carris,
com um quantitativo de 159 ônibus. São ônibus de piso baixo e que têm uma
acessibilidade que não é feita por elevador, então são ônibus de muito mais
qualidade. É claro que esses ônibus vêm completos – eles acabam vindo com ar
condicionado, com motor traseiro e, muitas vezes, com câmbio automático –, o
que acaba acarretando um investimento maior por parte do operador.
Quanto ao motor dianteiro, a gente vê aqui que o
Consórcio Conorte...A Carris tem 25% com motor dianteiro; o Conorte com 55%;
STS com 78%, porque ele é um ônibus que é mais barato para se operar, requer um
investimento menor. Motor traseiro - a gente vê o contrário: a Carris detém um
percentual de quase 75%. Esses números acabam revelando aquilo que a gente vê
nas ruas. A Carris tem uma frota diferenciada. Isso a gente enxerga na nossa
Cidade. Mesma coisa o câmbio automático: a Carris tem 75% praticamente da
frota; o Consórcio Conorte, por exemplo, chega a quase 1%; o Consórcio Unibus é
o que mais se aproxima, está com 20%; o Consórcio STS com 6%. Ainda sobre
veículos com ar condicionado, eu trouxe umas informações um pouco mais abertas,
estão também no Relatório. Aliás, todas as informações que eu estou passando
para os senhores aqui estão no Relatório, com desdobramentos. A frota então com
ar condicionado: se a gente for verificar em dados aqui atualizados, a Carris
está então com 50%. Quando nós abrimos por empresa, a gente observa que a
Nortran, uma das maiores do Consórcio Conorte, está com 4,5%; no caso do
Consórcio a STS, a maior empresa do Consórcio está com 11%; no caso da Unibus,
a Sudeste está com quase 7%. Vale destacar a idade média da frota de ônibus
aqui em Porto Alegre. Ela tem se mantido há algum tempo abaixo dos cinco anos.
Em 2011, tinha 4,13; em 2012, tinha 4,11; em 2013, tinha 4,32. Pela Legislação
de Porto Alegre, temos uma trava - para fins de custos tarifários, para
remunerar o ônibus – de cinco anos como o mínimo, ou melhor, como o máximo.
Aqui em Porto Alegre os investimentos feitos têm garantido um transporte com
uma idade média; em princípio dá para se dizer que fica dentro de uma média das
principais capitais brasileiras. Os passageiros transportados, o que a gente
leva para o cálculo tarifário é o que a gente chama de passageiro equivalente,
porque aqueles passageiros que têm descontos, como os estudantes, são
traduzidos para um cálculo que remete a uma tarifa cheia para fins desse
cálculo. O que nos mostram esses dados que estão aí para vocês? Que o
passageiro equivalente segue uma trajetória histórica em Porto Alegre – depois
eu mostro mais dados, também em nível nacional – de queda nesse número. Então,
nós tínhamos, em 2011, 19.853.000 – isto aqui é mês –; em 2012, cai para
19.385.000 e, em 2013, cai novamente para 18.669.000. Então, essas quedas do
passageiro equivalente refletem indiretamente, então, na tarifa. Com relação à
rodagem, a gente observa que a rodagem acaba tendo pequenos crescimentos, em
função da própria Cidade que vai ampliando sua base de território, melhorias
são requeridas e acaba aumentando, então, o percurso dos ônibus.
Bem, foi questionada a questão do reajustamento da
tarifa, que ficou em 670% no período de 1994 a 2012. O IGP-M ficou em 414%, e o
IPCA em 299%. Então, olhando este gráfico, a gente vê uma diferença muito
forte. A gente foi procurar o porquê disso. Neste gráfico, agora, eu mostro
para vocês uma simulação do reajustamento da tarifa, caso não houvesse perda de
passageiros. Nós temos um índice que chama Índice de Passageiros por
Quilômetro. Caso esse índice de Passageiros por Quilômetros não fosse perdendo
força durante todo esse período, se tivesse se mantido, o reajuste da tarifa
estaria muito próximo da inflação, estaria em 414%. Então, com isso, nós
podemos creditar esse aumento acima dos índices inflacionários, bastante acima,
à perda de usuários durante todos esses anos, bem como à entrada de novas
gratuidades. Quando você reduz a um critério de avaliação real, a gente observa
que a tarifa de Porto Alegre, quando era R$ 2,85 - a gente pode ver neste
gráfico -, se não houvesse perda de passageiros nem o grande crescimento nas
gratuidades, a tarifa poderia ser R$ 1,84. Isso tudo
impacta no índice de passageiros por quilômetro, em 1998, havia 2,81
passageiros pagantes por quilômetro rodado e hoje temos 1,89. E esse gráfico
mostra muito como a perda é insistente.
Agora vou dar alguns
exemplos sobre as questões que envolvem custos tarifários. Aqui temos uma
dificuldade muito grande. Nas nossas auditorias nos demos algumas oportunidades
para pesquisar em 500 sites de
prefeituras brasileiras com mais de 100 mil habitantes para verificar o que
eles produziam de informação sobre tarifa. Realmente, é uma garimpagem. Para
terem uma ideia, incluindo Porto Alegre, vemos aqui nove municípios. Dos 500,
somente de nove conseguimos informações para comparar e fazer uma reflexão. Nós
temos uma carência enorme na transparência, há muito a avançar, mas a
legislação federal já está caminhando nesse sentido.
Primeiro, observamos
Fortaleza. Esses dados são dos custos por quilômetro. Fortaleza tem um custo de
R$ 3,73 por quilômetro. Agora, Fortaleza, por ter um custo tão baixo, tem uma
tarifa de R$ 2,20. Mas Fortaleza tem uma frota padrão, com o chassi com a
melhor relação entre custo e benefício do mercado, assim como a carroceria, que
é a Mascarello e Ciferal, as mais baratas do mercado; e nenhum ônibus em
Fortaleza tem ar-condicionado.
Em Porto Alegre, há
um custo por quilômetro de R$ 5,71. Observem que Porto Alegre, dentro desta
mostra, está no pico, ela tem o maior custo por quilômetro. Mas esses dados são
da nossa auditoria em 2011, depois houve desonerações tributárias, houve uma
mudança, que depois eu vou explicar para vocês na fórmula do cálculo em Porto
Alegre, mas Porto Alegre estava palmo a palmo com Curitiba, que tem um custo de
R$ 5,69 por quilômetro. E Curitiba é um sistema que foi licitado em 2010. Estou
falando um pouco sobre licitação, aproveitando, que das capitais brasileiras, a
primeira licitação feita foi em Belo Horizonte, em 2008. Observem que as
grandes capitais têm uma juventude muito grande em termo de expertise, experiência em licitar
grandes sistemas de transporte. Curitiba licitou, e observem que ela tem custo
que está aí no pico, dividindo com Porto Alegre o pico. Depois nós temos ainda
Joinvile com R$ 5,4, Cuiabá com R$ 4,99 por
quilômetro, e também Florianópolis com R$ 4,9 por quilômetro – um empate
técnico aí. Depois se equivalem também Campo Grande com R$ 4,4 por quilômetro, Vitória, no Espírito
Santo, com R$ 4,16 por quilômetro, Londrina com R$ 4,01 por quilômetro.
Bem, eu trouxe esta informação porque julgo
importante, por isso que é muito difícil a gente comparar variáveis, visa vias
entre outras cidades. Há muitas coisas que têm que ser analisadas. Um desses
itens é essa Resolução da ANP, onde exige que nessas cidades, a partir de 1º de
janeiro de 2013, se utilize o diesel S10. O diesel S10 é o diesel que tem a
melhor contribuição na questão ambiental, porém Belo Horizonte, Curitiba, Porto
Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo vão carregar um custo maior no
combustível, que fique entre 10 a 15% superior às outras capitais, por exemplo.
Víamos antes, naquele gráfico, que Curitiba e Porto Alegre estavam no pico do
custo por quilômetro, e a gente via que Vitória, Fortaleza e outras cidades
tinham o custo por quilômetro bem menor. E o que ajuda a contribuir em parte é
a questão do combustível utilizado nessas capitais que se utilizam do diesel
comum.
Bem, eu trouxe aqui para exemplificar um pouco a
questão do nosso sistema em relação ao sistema metropolitano. Como é nosso
vizinho, e nós temos informações que são disponibilizadas pela agência que
regula o sistema metropolitano. É possível fazer mais comparações, mas eu digo
para vocês: em relação às demais capitais e grandes cidades do Brasil, as
comparações que foram possíveis e que foram relevantes estão no relatório. Há
mais gráficos, há mais algumas comparações, mas muito pouco ainda, em função de
que simplesmente não temos acesso.
No caso de Porto Alegre, então, em relação ao
sistema metropolitano, tem se mantido uma diferença no custo por quilômetro
acima de 30%. Então, chamo a atenção para uma diferença. Vamos pegar o último
período aqui, no reajuste dado em 2011, onde o custo por quilômetro, em Porto
Alegre, era R$ 5,71, e na Região Metropolitana R$ 4,30, com uma diferença de
31%. Então, nós temos vários motivos para isso. Eu vou explorar um pouquinho só
para que a gente possa ganhar um pouco mais de corpo para avançar. Por exemplo,
o combustível do sistema urbano custa, na tarifa, 35% a mais do que o
metropolitano. Há várias explicações para isso, mas uma delas, que eu já antecipei,
é a questão de qual o diesel utilizado. A resolução da ANP fechou bem naquelas
capitais. Então, é um outro diesel que remete a um outro custo. Outro ponto
importante é com relação à depreciação. O carregamento na tarifa pela
depreciação, em Porto Alegre, é 58% maior do que o peso no metropolitano. Isso
tem a ver muito com a frota de Porto Alegre. Nós temos um quarto do sistema que
tem uma frota diferenciada. Então, é natural que se carreguem mais custos na
depreciação. Isso acontece também na própria remuneração do capital recebido
pelos operadores, que aqui está em 17%, porque a base de ativos a ser
remunerada no sistema urbano é bem superior à do sistema metropolitano, em
função da frota, que é mais qualificada. E não é só isso: Porto Alegre tem uma
frota de quatro anos de idade média, e, no sistema metropolitano, é oito anos,
é o dobro. Então, tudo isso vai para a tarifa. Então, o que acontece? Acaba
Porto Alegre tendo mais peso na depreciação, mais peso na remuneração, porque
também a frota do metropolitano é o dobro, está em dobro o desgaste em relação
à de Porto Alegre, que trabalha com uma frota bem mais atualizada.
Eu trago isso aqui para ilustrar aos senhores,
porque ajuda bastante na reflexão quando a gente consegue materializar. Por
exemplo: despesa de pessoal, Porto Alegre tem um custo 42% maior. E aqui também
há as suas explicações, o transporte urbano é muito mais intensivo que o
metropolitano; no transporte urbano, inclusive, nós até temos uma lei em Porto
Alegre que tem que andar sempre com cobrador o motorista; no metropolitano,
eles têm uma outra forma de gestão, em função até da característica do
transporte, que não tem esse sistema tão intensivo de viagens, como em Porto
Alegre. E isso acaba impactando no custo para o pessoal. Então, nessa linha
final, 31% é a diferença. Mas para qualquer item que formos verificar temos as
justificativas técnicas para se chegar a essa interpretação.
Nesse sentido, eu trouxe aos senhores mais algumas
informações que comparam os dois sistemas. No sistema urbano o óleo diesel foi
cotado, em 2012, foi possível comparar com o metropolitano, o urbano foi a
tarifa calculada em fevereiro, o metropolitano em abril – o diesel R$ 1,99 em
Porto Alegre; e o metropolitano, R$ 1,83. Por que isso? Por essa diferença do tipo
de diesel. Em Porto Alegre, em 2012, não era o S10 ainda, era o S50. A
Resolução da ANP foi fazendo com que se migrasse, cada vez mais, ao combustível
mais aceito ambientalmente. E hoje a realidade é que o S10 custa mais que o
S50. Então, haverá uma outra cotação dentro da próxima planilha.
Quando se fala em peças e acessórios, observem que
o metropolitano tem custo maior, porque é uma frota mais envelhecida. Então,
esse item custa mais. Quanto ao salário dos motoristas e cobradores são bem
semelhantes; o salário de fiscal tem uma boa diferença, em Porto Alegre é um
salário equivalente ao de um motorista; o vale refeição, em Porto Alegre é
maior, tem uma diferença de 15%. E aqui os fatores de encargos sociais, que
incidem sobre os salários. Esses fatores são lá de 2012, ele mudou, agora ele é
um 1,40, porque houve uma desoneração, que, na época da nossa auditoria, foi
objeto de requerimento à EPTC, que fosse reconhecido no cálculo, e foi.
No caso do fator de utilização, que é um item também importante, que remete a pessoal; Porto Alegre
precisa mais gente para operar, precisa ter 2,28 motoristas e cobradores por
veículo, enquanto o Metropolitano, 1,67. Mas as explicações estão nas suas
características técnicas. Acho interessante trazer este exemplo, porque, muitas
vezes, se olharmos, lá no final, custo por custo, não demonstra para nós o que
está por trás de tudo isso.
A frota operacional
de Porto Alegre é apenas 5% inferior ao Metropolitano, e aqui aparece para
vocês a idade média. Porto Alegre, 4,13, e o Sistema Metropolitano, 8,58.
Quanto ao valor do
veículo, que é base para remuneração, depois depreciação do capital, Porto
Alegre trabalha com um valor de veículo 14,3% maior, por ser uma frota mais
qualificada, mais nova.
O valor residual do
veículo, que é o valor pelo qual o empresário pode vender este veículo ao final
da vida útil – e este valor não vai para a tarifa –, em Porto Alegre, é 15%; no
Metropolitano, 20%. Então, aqui, tem uma diferença importante, também. Enquanto
o Metropolitano, por características dos veículos, tem uma reserva para o
veículo no final da vida útil de 20%, aqui tem 15%. Só que Porto Alegre tem
muito mais ônibus articulados. Os ônibus articulados, inclusive, a gente tem
conhecimento de que o valor residual deles não chega a 15%, porque é difícil
você repassar aquele ônibus. Tudo isso está lá no nosso relatório.
Vocês podem ver que o
coeficiente, que é o percentual de peso, de depreciação, em Porto Alegre, é bem
superior na remuneração também, tendo em vista isso tudo, idade média dos
veículos e outras características.
Quanto às
gratuidades, aqui em Porto Alegre, temos diversos tipos. Nós temos o passe
escolar, com o desconto de 50%; e os demais todos, com a isenção. Todos estes
dados estão no relatório.
De fato, o que tem
acontecido, desde 2005, é o crescimento dessas gratuidades. Lá em 2005, se
tinha 24% de gratuidades, e, hoje, as gratuidades estão em 31,28%, dados de
2012. A gratuidade teve um crescimento mais forte no período de 2010 para 2012,
mais em função da integração do segundo passe com a mesma tarifa, segunda
viagem com a mesma tarifa. Aqui eu trago mais umas informações sobre essa
questão que envolve as gratuidades. Hoje circulam por Porto Alegre uma média de
330 mil usuários com gratuidade, por dia. Isso significam 8 milhões e meio de
usuários por mês. E, se a gente fizer uma relação de 2012 para 2011, houve um
crescimento na gratuidade de 15%, praticamente, fruto da integração da segunda
passagem gratuita, que começou com 50% e ficou plena. Quando ficou plena, refletiu
um crescimento de 15% de um ano para o outro. E, se voltarmos a 2007, isso
monta 40% o aumento de passageiros que circulam com algum tipo de gratuidade.
Mas, em 2007, eram 235 mil usuários, hoje passamos para 329 mil. E esse
crescimento é um ponto muito relevante, esse crescimento que impacta aqui, eu
repito, nesse gráfico do índice de passageiro por quilômetro, porque ele
contribui decisivamente nessa redução. Desses usuários isentos que nós temos em
Porto Alegre, 60% dos usuários são os idosos, que estão na faixa de 60 a 65
anos que têm algumas regras, e depois acima de 65 anos. Depois, seguindo nos
isentos de 2011, vêm os rodoviários com 9%, e o passe livre com 9%; também os
com necessidades especiais com acompanhamento, 15%. Então aqui estão os isentos.
Vou me deter um pouquinho mais, porque acho que abre um pouco mais a
informação. Se nós considerarmos que as gratuidades totais de Porto Alegre
montam 8 milhões e meio de usuários por mês, com 31% de impacto na tarifa, é
possível fazermos a seguinte leitura: o impacto do escolar nessa gratuidade é
de 4%, o impacto do passe livre é de 1,52%, o dos idosos chega a 9%, dos
especiais a 3,3%, e a integração da bilhetagem, que é a segunda passagem
gratuita, já está quase chegando em 12%. Então essa é uma abertura por tipo de
gratuidade, e mais à direita os senhores podem observar qual é o impacto de
cada tipo de gratuidade na tarifa quando calculado lá no começo de 2013, em R$
3,05. Depois eu volto a falar um pouco mais sobre essa questão da tarifa, como
ela se alterou no ano passado. Se não houvesse gratuidade, vamos supor, a
tarifa poderia ser R$ 2,10. E hoje o maior peso nessa gratuidade em termos de
valores monetários está na integração da segunda passagem que são 36 centavos
destinados a esse item. Depois vêm os idosos onde 28 centavos da tarifa advêm
desse tipo de gratuidade.
Nesse outro quadro, eu procuro trazer um pouco mais
de informações agora com relação ao total da média/mês de passageiro de 27
milhões. Nós temos que desses 27 milhões, 8% fazem uso do escolar, 6% dos
idosos, 5% - sem somar os idosos acima de 65 vai dar 11%; o vale-transporte
32%; o passe antecipado 5%. Então, uma abertura maior dos extratos.
O próximo item é a planilha tarifária. A nossa
auditoria começou, num primeiro momento, com foco mais específico na questão da
planilha tarifária e como passei para vocês no início da apresentação, a
representação do Ministério Público de Contas requeria que se fosse muito além,
foram 15 pontos e todos esses pontos estão nas 500 páginas de relatório
produzido pela auditoria, em 3 relatórios diferentes. O primeiro deles entregue
em dezembro de 2012, o segundo em junho de 2013 e o terceiro em dezembro de
2013. Esse arquivo junto, com todos os esclarecimentos feitos pela EPTC, junto
com todas as análises do nosso serviço de instrução, que pegam os
esclarecimentos mais o nosso relatório e procura verificar se mantém os
apontamentos ou afasta apontamentos, todos estão juntos nesse arquivo
disponível no site do Tribunal junto
com o parecer do Ministério Público, com o voto, com a
decisão tomada recentemente.
Com relação à
planilha tarifária, Porto Alegre traz no corpo do seu decreto o alinhamento
dela à metodologia Geipot, é uma metodologia criada em 82, quando passada a
gestão das tarifas para os municípios. Até então ainda eram centralizadas no
Governo Federal questões que envolviam tarifas de ônibus urbanos nos
municípios. E essa planilha ficou conhecida largamente por planilha do Geipot.
Em 94 ela foi atualizada, se atualizaram alguns critérios, e hoje no Brasil 99%
dos municípios que têm sistema de transporte urbano se utilizam desse método.
O que tem ocorrido é
que novas licitações, realizadas principalmente em grandes capitais que têm um
conhecimento técnico mais elevado, têm optado por outras metodologias. A gente
pode verificar Florianópolis, que há pouco adotou o método pela taxa de
retorno, que avalia custo de caixa e tal, tem toda uma metodologia. Em
Brasília, onde há pouco também chegou ao fim a licitação, também se utilizou da
Taxa Interna de Retorno com uma tarifa teto, se não me engano. Então, modelos
mais híbridos e modelos mais testados no ambiente da energia elétrica e do
saneamento.
O transporte com o
modelo Geipot considera a média dos custos do sistema para fins tarifários.
Então, como é o caso de Porto Alegre, a tarifa reflete os custos das quatro
bacias – a Carris mais os três consórcios. Dali é extraído um custo médio e nós
temos a tarifa. E a tarifa é feita nos critérios do Decreto nº 14.459/2004. E
basicamente é isto que está aí mostrado. De um lado nós temos custos variados,
de outro lado os custos fixos. Então, Porto Alegre historicamente dividia os
seus custos fixos para chegar ao custo por quilômetro. Apura-se, primeiro, um
custo em valor monetário, depois se divide pela quilometragem média e se chega
ao custo médio por quilômetro. Porto Alegre dividia esses custos fixos pelo
percurso médio mensal, como a gente chama, então, é
que se calcula pela divisão da quilometragem rodada pela frota total.
Historicamente, Porto Alegre vinha fazendo assim. Nós, tecnicamente, discutimos
com a EPTC, foi objeto até de medida cautelar pelo Tribunal em 2013.
Entendíamos que, ao calcular esse PMM, que vai dividir todos esses custos
fixos, seria muito mais produtivo ao sistema dividir, então, pela frota
operante. Essa frota operante, inclusive, nós trouxemos no relatório, todos os
exemplos estão lá. Antes eu antecipei aos senhores a dificuldade de achar dados
de sistemas no Brasil. Para vocês terem uma ideia, nós estamos olhando aqui
para quatro Capitais, foram as possíveis de conseguir no Brasil. Essas que foi
possível de se conseguir calculam com a frota operante.
Para avançar em
exemplos, nós temos a Agência Nacional de Transportes – ANTT, que calcula a
tarifa num sistema chamado semiurbano interestadual, e também se utiliza da
frota operacional. A agência reguladora do Estado, que regula o transporte
metropolitano, também usa como frota a operante. Então, quando eu mostrava
antes a diferença de custos de metropolitano para urbano, que chega até a 30%,
ali dentro também está essa questão do cálculo desse percurso médio, que,
naquele comparativo, Porto Alegre dividia pela frota total; e o metropolitano,
pela frota operante.
Se nós olharmos a
tarifa de R$ 2,80, atualmente em vigor em Porto Alegre... Eu procurei colocar
ali no quadro qual é o peso de cada rubrica de custos nesses R$ 2,80:
combustível tem um custo por quilômetro de R$ 0,91, isso pesa na planilha 17%,
que corresponde a R$ 0,48 de R$ 2,80; os lubrificantes correspondem a R$ 0,01;
rodagem, que são os pneus, R$ 0,05 no preço da passagem; peças e acessórios, R$
0,22 ou 8% do custo dos R$ 2,80; depreciação, R$ 0,27 centavos; e remuneração
do capital, R$ 0,21. É um tema que foi foco específico de avaliação
da auditoria, a chamada remuneração do capital, que, por outro lado, também se
fala em margem de lucro, no linguajar de indicador, ela é de 8% ou R$ 0,21 dos
R$ 2,80. Pessoal tem o maior peso, 45% dos R$ 2,80, chegando, então, a R$ 1,27;
e a despesa administrativa, os R$ 0,14, ou seja, 5%, e os tributos 5%, ou R$
0,14.
Eu trouxe aqui um exemplo para mostrar aos senhores
que eu achei providencial para que se entenda melhor essa questão do percurso
médio mensal, do fato de ter sido solicitada a mudança da fórmula de cálculo.
Em seguida, eu vou passar. Antes ainda, eu quero demonstrar para os senhores
que, lá em 2012, a tarifa, quando era R$ 2,85, ela era calculada com a frota
total do percurso médio mensal. Então, era R$ 2,85 quando o Tribunal começou a
fazer a auditoria.
Ao final da auditoria, do primeiro relatório, em
dezembro de 2012, nós entregamos um relatório em que nós já apontamos essa
questão do cálculo do PMM e dissemos no relatório que, caso fosse feita uma
simulação com uma frota operacional, que também foi estimada por nós, era
possível que a tarifa pudesse ser R$ 2,60. Então, no começo dos nossos estudos,
esse número era um número com o qual teria que se ter muita cautela porque nós,
técnicos, tivemos que fazer uma estimativa de cálculo pois, historicamente, se
trabalhava com a frota total. Nós, através de um cálculo de alocação de veículo
por faixa de horário, que é um cálculo que está dentro da metodologia GEIPOT e
usada pela EPTC, lá de dentro nós tiramos um número – está escrito isso no
relatório –, para que o número não fosse um número sem base técnica, e foi
possível estimar uma tarifa de R$ 2,60 com reflexo na redução de R$ 0,25 no
bilhete.
O que aconteceu em 2013? Houve uma solicitação de
reajuste pelos empresários. Eu me lembro de que era em torno de R$ 3,30 o
pedido de recomposição da tarifa, a EPTC calculou e, por decisão do Tribunal,
por cautelar, ela teve que considerar uma nova fórmula de cálculo, com a frota
operante, e isso resultou numa tarifa de R$ 3,05, uma
diferença de R$ 0,25. Então, para nós, auditores, para nós, técnicos, foi até
um número interessante porque, realmente, aquilo que nós estimamos, também com
bases técnicas, se revelou num momento em que, de fato, foi calculada a tarifa
para um próximo período.
O que acontece? A
tarifa, então, era R$ 3,05, e, após algumas desonerações tributárias e também
em função de apontamentos que o Tribunal fez no relatório entregue em junho de
2013, foi possível... O Tribunal, inclusive, emitiu uma cautelar em junho para
que a tarifa não aumentasse de R$ 2,85 até que a EPTC fizesse esclarecimentos
em diversos itens apontados por nós. Em seguida, houve a desoneração do ISS, e
foi possível, então, o Prefeito decretar a tarifa de R$ 2,80.
Concluindo isso, dá
para se dizer que, do apontamento do Tribunal que muda essa fórmula do cálculo
do percurso médio mensal, mais as desonerações tributárias e a desoneração de
folha de pagamento dos rodoviários, se teve um benefício de R$ 0,50 no bilhete
em 2013. Aqui eu quero exemplificar para os senhores: R$ 0,50 nos bilhetes nós
somando esses dois reflexos, a auditoria do Tribunal mais esse movimento que
houve de desonerações.
Eu trouxe um exemplo
quanto ao percurso médio mensal que vou passar da seguinte forma: a frota total
de Porto Alegre é de 1.694 veículos, a frota operante é de 1.540 veículos. O
que aconteceu? Em 2013, quando a EPTC fez a planilha de R$ 3,05, ela teve que
fazer, a seu critério – o Tribunal não deu o critério de dizer qual o número da
frota operante, porque esse é de conhecimento do gestor do sistema, e assim foi
feito. Então, a frota operante, 1.540, ali nós temos a quilometragem, esses
dados são de 2013.
Se nós calculássemos
o PMM pela frota total, isso tinha dado 5.827 quilômetros rodados, em média,
por ônibus num mês. Se você faz pela operante, você aumenta o número de quilômetros,
porque eu estou dividindo pela frota operante. A frota reserva, em tese, está
ali para substituir um em operação. Então, esse número, frota operante, de
quilometragem, foi 6.410.
Eu trago para os senhores o cálculo do pessoal, que
está inserido na tarifa atual de R$ 2,80. O cálculo de pessoal parte de um
salário de R$ 1.867,00 do motorista, e aplica 1,40 de encargos sociais. Tem que
se considerar que, para cada ônibus, eu preciso de 2,30
operadores/trabalhadores. Isso alcança, para motorista, cobrador e fiscal, mais
o vale-refeição, R$ 11.675,00 por mês. Se eu divido esse número pelo percurso
médio mensal com a frota total dá o fator de dois, custo por quilometro de R$
2. O que eu estou fazendo? Reais –11.675; divido agora pelo percurso médio mensal
do ônibus – pela frota total, 1.694 ônibus –; me dá um custo de R$ 2,00 por
quilômetro. Agora, se eu fizer o mesmo procedimento com a frota operante, o
custo cai para R$ 1,82 por quilômetro. Isso significa uma redução de 9% no
custo por quilômetro. Essa redução que, em média, se reflete no seu todo em 9%,
puxado, principalmente, por esse fator de pessoal, que é quase 50% da planilha,
já está incorporado no cálculo da tarifa de R$ 2,80 em 2013.
Aqui os senhores têm acesso, está no relatório...
Esse exemplo que eu dei é feito, linha a linha, na tarifa, demonstrando a
estimativa que nós fizemos – eu falei de R$ 2,60 na época, que era uma
estimativa, que era uma simulação, mas tínhamos base técnica para isso.
Quanto à estrutura de custos, já revelei um pouco para
os senhores, mas o maior peso está nos combustíveis em Porto Alegre, 16% dos
custos do sistema. Depois, aqui eu tenho alguns itens como custo de capital,
que está também, em 2013, está em torno de 17%, mas ele fica variando entre 15,
16, 17. A remuneração de frota de Porto Alegre, perto dos 6%. Estou destacando
alguns itens. Peças e acessórios, em torno de 7; despesa com pessoal...Observem
que a despesa com pessoal cai para 40% do custo, em 2013, por causa da
desoneração da folha de pagamento. Ela tinha uma média aqui de 45, 43%, e aqui
ficou em 40%. Então, esse índice de quanto de pessoal é em relação ao total
depende muito de como eu componho, também. Neste caso, aqui, por exemplo, o
plano de saúde ficou lá embaixo, então não está aqui junto. Mas, quando eu
comparo, pelo menos o que eu estou comparando, tenho que manter a mesma base
técnica.
Despesa administrativa, em torno de 6% do custo
total; outras despesas, 4%. A remuneração do capital, conforme está no Decreto,
é 12% aplicado sobre os investimentos no sistema, o que resultou, na planilha,
no ano de 2011, uma fatia de 6,87% da tarifa para o empresário. Mas o valor que
nós apuramos, dessa rentabilidade, desse retorno sobre o investimento,
totalizou uma média de 9,74%. Então, observamos uma rentabilidade superior em
relação à média apurada pela contabilidade das empresas. Também foram feitas
exclusões, ajustes na contabilidade, excluindo valores que não eram pagos ou
que não estavam dentro da tarifa, como, por exemplo, taxas que eles pagam para
a gestão dos consórcios, taxas para a ATP. Nós ajustamos a contabilidade de
itens que não são pagos na tarifa para chegar a um número real, então, de
9,74%. Fizemos um cálculo médio, excluindo a Carris – porque a Carris apontou
prejuízo –, e por isso sobe um pouco, se falarmos só dos consórcios privados,
para uma média de 10,5%. Eu já explico um pouco sobre por que isso acontece.
No caso de 2012, a planilha apontou 6,3 como peso
no valor da tarifa da remuneração do operador. Nós apuramos uma média de 7,2%,
e, tirando a Carris, uma média de 8,24%. Então esses valores variam no tempo,
porque muitos fatores devem ser considerados – às vezes, há um maior
investimento em frota, outras vezes, não. São muitos os porquês para se chegar
a uma avaliação bem detalhada. Mas, num primeiro momento, a gente observa que
as empresas estão operando, então, com uma rentabilidade sobre investimentos
maior que a planilha. Nesse ponto eu destaco, talvez, dois motivos principais
para 2011 e 2012: o primeiro deles era a questão que passa pelo PMM - Percurso
Médio Mensal, que ele era calculado pela frota total, mas nós entendemos que é
pela frota operante. Pela frota operante faz com que aumente a produtividade do
sistema, e esse aumento de produtividade acaba impactando na compressão da tarifa.
Então, tínhamos uma tarifa menos comprimida em função desse cálculo de percurso
médio mensal, que era pela frota total num primeiro momento, e num segundo
momento, obviamente, pelo mérito dos empresários, pelo mérito dos operadores
que trabalham e buscam resultados em cima de diversas variáveis.
O outro ponto que dá para se destacar é que durante
o ano muitas variações de preços ocorrem. Às vezes o mercado está trabalhando
com preços mais interessantes num certo período, às vezes menos, e o empresário
tem como, obviamente, fazer a sua gestão em cima disso, fazer aquisições de
frota no momento certo, poder de negociação, uma série de implicações que podem
se tirar.
Ainda quanto à remuneração do capital, eu trouxe
este gráfico, mas se este gráfico for muito pequeno para se olhar na tela,
porque tem muita informação, ele está no relatório. O que eu falei dos ganhos,
que o empresário tem alguns itens pela sua gestão, aparece neste gráfico. Eu
tomo como exemplo aqui a empresa Gasômetro. Se pegarmos a Gasômetro, ela teve
um ganho de capital, isoladamente, de 19%, porém, ela tem um gasto de pessoal
que remonta 38% e a planilha paga 45%. A Gasômetro conseguiu fazer uma gestão,
dentro da sua logística operacional, que imputasse menor custo no item que mais
pesa na planilha, por exemplo. Por aqui, o senhor já vê que as empresas que têm
uma rentabilidade superior ao que está na planilha, em alguns itens elas têm
uma boa economia. Então, isso somado a questão do cálculo do custo médio mensal
fez com que algumas empresas se destacassem. Porém, na média, a média que
reflete o equilíbrio econômico-financeiro do sistema... porque é importante, no
primeiro momento o que ocorre é a proteção do sistema; na média, dá para se
dizer aqui, em 2011 e 2012, a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do
sistema e as empresas tendo alguma vantagem em relação ao valor da planilha,
pelo mérito deles, bem como essa questão do PMM, que falei para os senhores,
que, a partir de 2013, então, quando se fizessem estudos, eu creio que o órgão
que faz a gestão talvez possa manter esse estudo para os próximos períodos,
poderia ser objetivo de comparação.
O último ponto é o que o Tribunal decidiu, então.
Sei que estou abusando um pouco dos senhores, mas vou procurar ser bem rápido
aqui nestes pontos, para concluir esta minha apresentação. Bem, o que eu tinha
em mente era, primeiro, fazer isto, passar para os senhores uma ideia um pouco
mais sobre o sistema, algumas coisas de comparação sobre custos, sobre métodos.
Isso tudo está nos nossos relatórios. Por fim, agora, recentemente, o Tribunal
de Contas analisou de forma definitiva esse processo, e o relator foi o
Conselheiro Iradir Pietroski. Observem que eu botei alguns destaques ali. O
Ministério Público de Contas, então, retoma a questão, está isso aqui no
relatório, que começou lá com a representação do Ministério Público de Contas
em 2011. Também vale dizer que o voto do Tribunal Pleno foi unânime e
determinou ao gestor: a primeira questão é com a licitação, e foi dado um prazo
de 120 dias, para conclusão, e 60 para que seja colocada. Já existia o prazo,
pelo Tribunal de Justiça, de 30 dias, o Prefeito está até fazendo por esta
opção, pelo que a gente já ouviu. A segunda determinação era com relação aos
termos das cautelares, do PMM, que é aquele grande reflexo que se tem na tarifa
ao mudar a fórmula. Foi decidido que se mantivessem aquelas cautelares, as
duas, como definitivas. Também, o próximo item pede que se controle a questão
de frota excedente, porque, no segundo relatório que fizemos em junho de 2013,
nós identificamos frota excedente de sete veículos. Na época, não fazia impacto
na tarifa, em função de que o quantitativo era pouco, mas houve o apontamento e
foi corrigido pela EPTC nessa planilha de R$ 2,80. Aliás, vale dizer que muitas
coisas foram corrigidas. Pequenos apontamentos, pequenas considerações,
pequenos entendimentos que o Tribunal tinha a EPTC corrigiu ao longo do tempo.
A outra determinação é para que as cotações dos
insumos incorporem preços de mercado, isso quer dizer que além da cotação
tradicional feita com os fornecedores também se utilize daquilo que as próprias
empresas geram de informação, o que é útil nesse meio. Claro que a EPTC terá
que ter método para fazer isso, porque a gente pode ter compra de ônibus, por exemplo,
em março, mas a tarifa é revista lá em janeiro, quase um ano depois. Então a
gente pede que considere e faça uma composição, porque dentro do valor de
investimento pago pelo empresário, ali dentro está também o seu poder de
negociação. Uma negociação em conjunto, quantidade de frota, são várias
escolhas que levam a fechar o melhor negócio. Então a gente quer levar para
dentro da tarifa, com essa decisão, a colheita desse melhor investimento que
tenha sido feito, em termos de menor gasto, quando se fala em insumos.
Quanto ao Conselho Municipal de Transporte, a gente
observou que a tarifa estava sendo avaliada em 24 horas, de forma repetitiva,
com assentamentos em atas do Conselho, inclusive, e o Tribunal dá um fôlego de
sete dias para que se tenha uma avaliação dessa complexidade que é o cálculo
tarifário.
Também vale lembrar que são 14 as recomendações que
vieram do parecer do Ministério Público de Contas. E desse parecer, somente um
item não foi acolhido pelo Conselheiro e pelo Pleno, as demais 13 recomendações
do Ministério Público de Contas foram atendidas. No caso, aqui, do cálculo de
receitas indevidas, na época houve um espaço de tempo, quando a tarifa era R$
3,05, depois foi para R$ 2,80; então tem uns intervalos de tempo ali que tinha
alguns erros de cálculo, e foi determinado que sejam apurados esses valores e
sejam creditados para fins de cálculo tarifário, em benefício do cálculo
tarifário.
Com relação a se manter a metodologia de cálculo do
Geipot, porque a EPTC pode mudar a metodologia, ela tem essa deliberação -
inclusive, vale destacar que há outras metodologias de cálculos, e essa é uma
opção do órgão gestor, o que ela acha que mais interessante no seu todo e
também a sua gestão -, se mantendo isso, e esse era um apontamento nosso, da auditoria,
que faltava fazer revisões tarifárias. A última revisão tarifária foi em 2003,
e cinco anos depois, pela legislação, deveria ter sido feita em 2008, e não foi
feita. Mas a EPTC está apresentando essa revisão tarifária agora para tarifa de
2014. Então, se determinou aqui que se acolha, dentro da nova legislação - que
se atualize a nossa legislação -, os apontamentos do Tribunal, também com a
revisão tarifária desenvolvida na EPTC.
Bem, quanto à lucratividade das empresas, então,
também foi determinado, nesse cálculo de rentabilidade, ou também conhecido
como margem, que não se façam prejuízos dessas principais despesas que os
operadores têm com a ATP e os consórcios.
A próxima determinação tem a ver com a Câmara de
Compensação Tarifária. Havia alguns critérios ou algumas incumbências que
estavam já na legislação, porém não vinham sendo adotadas, como a gestão da
receita e da publicidade, como o controle da contabilização dessas receitas na
contabilidade das empresas e também o regimento interno, que deixe de forma
transparente o trabalho realizado, quando da compensação de custos e de
receitas entre os operadores do sistema.
Também se determinou que seja realizado um estudo,
que seja apresentado em 90 dias, para que se verifique se essa taxa de 3% que a
EPTC tem recolhido de dentro da tarifa é suficiente, se ela não pode ser
reduzida desses 3%, para que, então, beneficie a tarifa.
Também, que a EPTC apresente estudos necessários,
também no prazo de 90 dias, na questão da bilhetagem eletrônica. O entendimento
é de que, então, a bilhetagem fique com o poder concedente, e ela, em 90 dias,
vai desenvolver, então, as suas complexidades, limitações, atitudes, o que tem
que ser feito. A questão da depreciação do valor residual dos veículos, também
se pediu para fazer um estudo, porque hoje somente 15% não é recuperado pela
tarifa, e é importante esse estudo, porque se pode verificar, por exemplo, que
as empresas estejam, na sua média, vendendo os veículos, por exemplo, com 20%
ou mais. É essa a realidade. Se ela for maior, ela pode beneficiar a tarifa.
Também se pediu, então, um estudo, em 90 dias, pela EPTC, para identificar o
potencial de geração de recursos financeiros na venda antecipada de passagens,
que também pode atender a modicidade tarifária.
O próximo item: determinou-se que seja feito estudo
em 90 dias, que se avalie a possibilidade de fixação da tarifa, tomando como
parâmetro de dados e custos somente as empresas privadas do sistema. A gente
sabe que a Carris presta um serviço diferenciado, incorre em custos também
diferenciados; então, aqui é uma determinação de que, fazendo-se o cálculo
pelas empresas do sistema que são privadas, faça-se um estudo de se isso pode
ou não beneficiar o preço final e o usuário.
Determinou-se que a Direção de Controle e
Fiscalização do Tribunal vai acompanhar essa questão de prazos, vai voltar a
essa matéria; então, ela não é uma matéria encerrada.
Então, com isso, senhores, eu tentei acelerar, para
não ocupar a importante agenda dos senhores. Hoje, nós viemos aqui para fazer
essa apresentação, e, como eu falei antes, os relatórios estão à disposição dos
senhores, porque, talvez, muitos dos questionamentos que os senhores estão
fazendo, estão pensando podem ser trocados com seus Pares, e os senhores podem,
obviamente, e sempre fazem, debater essa importante matéria. E nós, do
Tribunal, vamos ficar à disposição dos senhores, vocês podem contatar a casa,
que se tem colocado na pessoa do nosso Presidente.
O Presidente da Câmara esteve lá com colegas, os
Srs. Vereadores, e nós temos, nisso tudo, um foco principal: colocar à
disposição desse debate um aprofundamento técnico nesse nível, que nós fizemos,
que foi modelo para o nosso País. Nós tivemos um encontro, ano passado, depois
que o primeiro relatório do Tribunal foi produzido, em que vieram 18 Tribunais
de Contas brasileiros a Porto Alegre para ficar durante dois dias conosco – 18
Tribunais, sendo dois municipais, um deles do Rio, o outro de São Paulo;
Tribunais do Norte, Nordeste, Centro. Inclusive, acompanhamos depois notícias,
pela imprensa, de que diversos desses Tribunais já colocaram auditoria em campo
nas suas capitais. Então, temos essa consciência de que é uma demanda reprimida
entrar nesse assunto, assim como há um clamor por melhorias, um clamor de
qualidade, de preço. É também um momento de nós, órgãos de controle, podermos
entrar nesse assunto. Ele é fruto de uma grande equipe de auditoria, há pelo
menos dez auditores em campo, que conseguiu tirar, durante um período longo de
reflexão e debate técnico, os nossos relatórios materializados.
Eu agradeço aos senhores, e nós estaremos lá no
Tribunal para contribuir, inclusive nesse processo todo, em Porto Alegre, com a
licitação. Obrigado, senhores, boa-tarde. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Sr. Airton Roberto. O Sr. Gerson Luiz
Souza da Fonseca, Técnico do Tribunal de Contas do Estado, Supervisor de
Auditoria Municipal, está com a palavra.
O SR. GERSON
LUIZ SOUZA DA FONSECA: Só para deixar registrado aqui - muita coisa o
Airton já mencionou - que acreditamos que o papel do Tribunal de Contas do
Estado era esse, o que foi combinado com o Presidente Miola, Presidente
Professor Garcia, de oferecer essa contribuição aos nobres Parlamentares que
atuarão no processo de fiscalização da próxima contratação do transporte
público. Então, a ideia era esta, a de oferecer subsídios a vocês, para que
possam bem desempenhar o papel de fiscalizadores.
O Tribunal de Contas, como todos sabem, vai
acompanhar este processo – o Airton referiu –, na decisão do Tribunal Pleno
constou isso. Nós temos que avaliar o cumprimento da decisão, qual seja, a
instauração de uma licitação, de um procedimento licitatório, que deverá
ocorrer nos próximos dias.
Há uma série de determinações do Conselheiro
Relator, acatadas pelo Tribunal Pleno, no sentido de que Porto Alegre, o
Município, faça vários estudos contemplados na decisão para que possa bem
desempenhar uma atuação na licitação. Há várias questões ali que podem impactar
numa licitação e, se bem avaliadas pelo Poder Público, podem contribuir de
maneira decisiva para que haja uma licitação correta, que permita um transporte
coletivo de qualidade, com uma tarifa justa, que, ao fim, é o que todo cidadão
deseja.
Eu combinei aqui com o Professor Garcia – vejo que
há Vereadores inscritos, que gostariam de tecer alguns comentários – e, como o
Airton falou, nós vamos receber, ouvir essas ponderações; anotaremos algumas
coisas para que sirvam de subsídio ao nosso trabalho, e, no momento oportuno,
poderemos sanar as dúvidas. O Tribunal de Contas está com as portas abertas, a
nossa consultoria técnica, o nosso Diretor de Controle e Fiscalização, o Leo
Arno Richter, assim como, evidentemente, o Presidente Miola e sua assessoria
estão preparados para recebê-los e debater isso, que vai impactar, afinal de
contas, num serviço essencial à população.
Da mesma forma, como referido, foi um trabalho de
fôlego, digamos assim, um trabalho aprofundado; são quatro mil páginas e, como
o Airton falou no começo da apresentação, a auditoria foi um ano e meio de
processo, de visitas à EPTC, requisições de documentos. Fomos sempre muito bem
atendidos pelo Diretor Vanderlei Cappellari e sua equipe, que não poupou
esforços para nos fornecer todas as informações, porque, ao final, é um
trabalho que vai servir de referência, não só para Porto Alegre como para
vários Municípios do Estado e do Brasil. Pela primeira vez, foi feito um
aprofundamento na planilha tarifária com o objetivo de fornecer esses elementos
para que o Poder Público bem decida sobre uma questão de extrema importância
para a Cidade.
Então era isso, Ver. Professor Garcia, colocamo-nos à disposição. Agradeço a oportunidade que foi dada ao Tribunal de Contas, até no cumprimento de sua missão constitucional, de oferecer esses elementos. Também combinamos, através da nossa assessoria de comunicação social, que nós vamos, de alguma forma, remeter esse material aos senhores Vereadores, ao Presidente da Câmara, para que possam bem utilizar esse material nos debates que serão certamente aprofundados na Casa. Então, mais uma vez, eu agradeço em nome do Presidente Cezar Miola, em meu nome e do Airton. Agradecemos a atenção dispensada, estamos à disposição.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Sr. Gerson. O Ver. Airto Ferronato está
com a palavra.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Rapidamente, cumprimento a presença do Gerson e do Airton, salientando
a importância de tê-los conosco nesta tarde, bem como a importância da
exposição. O que eu ia requerer já foi apresentado pela última exposição, é o
seguinte: são 4 mil páginas, um trabalho exaustivo; para nós, eu acho
importantíssimo ter a exposição que tu fizeste. Portanto essa dica de
disponibilizar a nós - entre aspas - o material que aqui foi apresentado é
importante. Era esse o pedido que eu ia fazer. Sinto-me atendido.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Sr. Presidente, eu quero, antes de mais nada, transmitir meus
cumprimentos aos nossos dois colegas, servidores do Tribunal de Contas, que
orgulham o serviço público do nosso Estado, são uma referência que a sociedade
tem que conhecer do nosso serviço público. É importante que as pessoas saibam a
qualidade e a dedicação com que os nossos servidores trabalham. Eu transmiti
isto ao Presidente e quero transmitir pessoalmente e peço que vocês transmitam
à equipe que foi graças, primeiro, ao Ministério Público de Contas essa
iniciativa e depois ao trabalho técnico dos senhores. Eu tenho algumas
questões; obviamente sei que o papel dos senhores é tão somente técnico, não de
julgadores. Então se alguma pergunta passar desse limite, por favor, ignorem
dentro apenas de dúvidas técnicas. Estive estudando no mesmo dia da nossa
decisão aqui que o Tribunal de Contas do Paraná fechou a sua avaliação, a sua
inspeção sobre as contas de Curitiba e determinou a redução em 43 centavos
sobre a tarifa base. Eles têm um modelo diferenciado. Eu estou estudando ainda
e me chamou a atenção que o Tribunal de Contas encontrou lá esses elementos
objetivos e determinou a redução. Nós ainda temos alguns elementos em aberto, e
se isso pode vir a determinar uma redução. Se ainda há uma margem dentro desse
valor. Essa é a grande questão objetiva disso tudo que se falou: há margem para
absorver um dissídio deste ano? A discussão que a gente tem neste momento,
entre o ar condicionado e outros quesitos, está relacionada a esta resposta.
Chamou-me a atenção que no caso do Paraná se conseguiu apontar esse percentual
e determinar a redução. Dentro disso, por exemplo - peço desculpas, pois são
perguntas até obvias, porque nós não temos acesso às informações que os
senhores tiveram, os dados ainda não são transparentes - a verba de
publicidade, recebida pelas empresas, qual o valor delas, se houver? Depois
também obviamente nós podemos ter acesso nos documentos. O percentual, a
discussão da frota excedente, qual o impacto dela? Na minha opinião
infelizmente o plenário avaliou por bem que ela deva continuar no cálculo; é
legítimo, mas qual o impacto dela para saber o tamanho dessa discussão
específica da frota excedente e dos lucros exorbitantes. Aí eu tenho uma dúvida
técnica sobre a decisão do Tribunal, que é mais jurídica. Essa decisão que
acabou apontando, na minha opinião, lucros exorbitantes, conforme alguns
estudos, como por exemplo será que é por acaso que o número de usuários começa
a cair quando se implantou a bilhetagem eletrônica? Infelizmente há essa triste
coincidência. E se acelerou a redução. Então, por exemplo, quando a bilhetagem
voltar para a mão do Poder Público, e o Poder Público auferir que existiam
certos equívocos na bilhetagem, o que há para trás desses lucros? Por exemplo,
10.52 de média em 2011, e na planilha era 6,87; é possível uma ação civil
pública, pedindo a restituição desses valores, assim como as empresas entrarão
contra a Prefeitura pedindo retorno do investimento da bilhetagem? E assim
também os 3% de administração. Qual o valor que isso representa hoje, se for
possível? E, pelo que eu entendi, os senhores não chegaram a fazer um cálculo
das receitas auferidas dos recursos depositados na conta da ATP. Não, né? Esse
valor também é um tema que a Prefeitura... E, por fim, espero que esta Casa,
Sr. Presidente, possa determinar a criação de uma comissão especial para
acompanhar exatamente esse trabalho que o Tribunal de Contas acaba de dizer que
vai continuar no Tribunal de Contas, vai continuar por parte da EPTC. E a
ferramenta regimental que nós temos é uma comissão especial para acompanhar o
desdobramento desse trabalho. A licitação, acho que vai ser algo importante!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver. Kopittke. A Ver.ª Jussara Cony está
com a palavra.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, senhores membros do
Tribunal de Contas. Em nome da Bancada do PCdoB, em meu nome e do Ver. João
Derly, quero cumprimentar esta Casa e o Tribunal de Contas por este momento. Eu
acho, Presidente Garcia, que é um momento importante, em função da
responsabilidade também que o Poder Legislativo Municipal tem no sentido de
buscar a melhor qualidade possível e soluções para o transporte público. A
nossa assessoria, o Ver. João Derly e eu nos debruçamos sobre esse relatório,
inclusive para pautar essa melhor ação. Queremos cumprimentar pelo Relatório
que nos é muito elucidativo. Nós chegamos inclusive a agrupar por dois tipos de
inconformidade para a nossa melhor compreensão e para os desdobramentos que,
sem dúvida, vamos ter. Até para a nossa orientação, as considerações...Chegamos
a agrupar: pela ineficiência e gastos inexplicáveis de recursos - isso nos
parece fundamental -, pela falta de transparência e gestão de transporte.
Também queremos destacar algumas outras considerações: num segundo olhar,
também nos parece importante algumas considerações a partir do estudo que
fizemos. Algumas considerações seriam extrarrelatório, mas naturalmente com
essa responsabilidade que temos para confirmar questões que nós avaliamos e
avançar na nossa compreensão para atuação nessa Câmara Municipal e no processo
que envolve toda a sociedade. A primeira delas é a falta da política de
mobilidade urbana de transporte coletivo, gerenciada pela EPTC. Nós não temos
ainda política de mobilidade urbana na cidade de Porto Alegre. Outra: a EPTC
somente é homologadora dos acordos e decisões das concessionárias, via ATP.
Essa é uma questão importante. A gradual queda da qualidade nos transportes,
isso pelo aumento vertiginoso das reclamações efetuadas, o que sem dúvida, é
óbvio, leva à opção pelo transporte individual por carro. Um transporte público
sem qualidade, sem conforto, sem pontualidade é importante para uma
identificação nacional para admissão do Índice de Passageiros por Quilômetro -
IPK, um dos itens que determina o preço da passagem, e Porto Alegre com a
necessidade de articular os modais de fato. Portais na Cidade, definição de
prazos, o que são BRTs, a integração na nossa Cidade - eu iria além, mas
estamos falando em Porto Alegre - com a Região Metropolitana também, que eu
acho que é uma outra questão que nós vamos ter que aprofundar. Essa é uma
questão nacional das Regiões Metropolitanas. A definição de prazos e o que são
BRTs, estacionamentos públicos integrados com a rede de transporte. E por fim,
eu queria deixar aqui algo que tem sido motivo de nossa preocupação. Eu sou
Conselheira Estadual das Cidades, do Conselho Estadual das Cidades, indicada
pela União dos Vereadores do Brasil, e fui indicada para representar esta Casa
na construção da 5ª Conferência Municipal das Cidades, e chegamos à Conferência
Nacional. Aqui eu quero deixar algo que nós estamos insistindo muito, que é o
plano nacional da reforma urbana, onde está concluído - o Estatuto das Cidades
nos dá todas as condições - o Plano Municipal de Mobilização Urbana. A política
nacional tem todos os elementos, e aí um deles é o próprio controle social. Nós
não temos conselho das cidades. O Comtu tem dificuldades. O órgão maior para
definição... porque o plano de mobilidade urbana está dentro do plano da
reforma urbana; o Conselho Municipal das Cidades seria um elemento estratégico
para isso. Nós tendo um Plano Municipal de Mobilidade Urbana, nós temos as
ferramentas, via próprio Estatuto das Cidades, estruturantes para licitação,
para as tarifas, para pregões eletrônicos, para concessões e, finalmente, o
significado da Carris como regulador do mercado e também da qualidade dos
serviços prestados.
Senti-me muito gratificada, a nossa Bancada, quando
os senhores dizem que o foco principal é colocar à disposição do debate esse
posicionamento, esse estudo – cumprimento todos que o fizeram –, extrapolando,
inclusive, as fronteiras do Rio Grande do Sul, porque isso é uma questão
nacional. Porto Alegre está inserida dentro disso. E por isso que eu insisto
muito com a necessidade de atentarmos, o mundo todo, nós, cidadãos, as
instituições, para a necessidade da reforma urbana, do Plano Municipal de
Mobilidade Urbana na cidade de Porto Alegre, para que possamos ter outra
dimensão no transporte coletivo sob a ótica, inclusive, dos trabalhadores,
todos, e dos rodoviários de uma forma muito particular. Muito obrigada. A nossa
Bancada vai continuar estudando, vai recorrer aos senhores. Os senhores estão
prestando – o TCE – um grande serviço para a solução de um dos principais
problemas que enfrenta a nossa Cidade e as grandes cidades, enfim, o Brasil.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, prezados visitantes, quero cumprimentar aqui o Tribunal
de Contas do Estado, tive o prazer, na semana passada, de fazer um debate na
televisão com o nosso painelista. Quero dizer que temos muitas
contribuições para este debate. E já queremos apontar algumas que apareceram,
talvez, de uma forma muito simples na apresentação, que talvez possam ter
estudos já mais elaborados, e, se não houver, gostaríamos de contribuir também
para que isso ocorresse.
Venho aqui em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, dizer que, para o transporte público de
Porto Alegre, entendemos que este é um dos momentos mais importantes que a
Cidade está vivendo e que tem que alcançar uma plenitude de participação e
construirmos uma síntese que seja muito superior ao que aí está.
E eu quero registrar
aqui que, infelizmente, só têm nove Vereadores da base do Governo, esses mesmos
Vereadores que impediram, nesses últimos quinze dias, de fazer este debate aqui
na Câmara, principalmente, dos seis projetos que têm aqui para ser debatidos.
Isso tem que ser registrado, publicado e dito para todos que aqui estão, na
pessoa do Líder do Governo, que aqui está, Ver. Airto Ferronato, que tem feito
o debate, mas só têm nove Vereadores, e, principalmente, aqueles que impediram
esse debate não estão aqui agora.
Dito isso, eu tenho
aqui uma análise histórica das legislações que compuseram este debate. E nós
temos, em 2005, o Decreto nº 14.938, que entrou em vigor em 2008, que foi o
decreto que repassou para a ATP o controle financeiro e numérico de toda a
dinâmica do transporte público. No nosso ponto de vista, esse decreto é
inconstitucional. E no nosso ponto de vista, esse decreto foi um divisor de
águas, inclusive, na composição dos números que apareceram a partir daí. E o
senhor traduz esses números, quando, de 2007 a 2012, teve um aumento de 40% nas
passagens gratuitas e, depois, de 2011 a 2012, mais 14%. Isso significa, se
somarmos os dois, entendo aqui, 54%, ou 40%.
Bom, se é 40%, e quem é detentora desses dados, sem
a inserção que deveria ter e o controle do Poder Público, nós queremos que
esses dados possam ser mostrados. Como é que eles foram elaborados?
Principalmente, os do passe livre.
Há poucos dias houve denúncia que havia fraude na
computação dos dados do passe livre.
Segunda questão que não apareceu: nós votamos,
aqui, ano passado, uma isenção tributária de 2,5% sobre a tarifa que, naquele
momento, era R$ 2,85. Isso significa R$ 0,712 – só diminuiu naquele momento R$
0,5.
E as isenções federais que foram construídas no final de 2012 e 2013, que não consegui perceber neste cálculo, como é que ficam?
Curitiba fez essa mesma listagem, e lá a Prefeitura
Municipal, junto com a Câmara de Vereadores, que fez uma CPI, aponta que tem
que ser devolvido para os cofres públicos R$ 300 milhões, que foram cobrados
indevidamente. Pergunto: os senhores têm algum indício desses números?
Então, eu gostaria que esse tema fosse amplamente
debatido, e quero entregar em mãos ao Tribunal de Contas a proposta do projeto
de lei que apresentamos, no ano passado, em agosto, que contempla a grande
maioria dos itens que os senhores apresentaram para Porto Alegre e Rio Grande
do Sul, principalmente esta, que a gestão seja pública, e não mais da ATP.
Diga-se de passagem, a ATP não é uma empresa que presta serviço; a ATP é um
sindicato, e sindicato não pode ser banco, muito menos ter essa atribuição
jurídica e constitucional, assim como foi feito o decreto. Então, para nós, o
divisor de águas é o Decreto nº 14.938, de 2005. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Engº Comassetto procede à entrega do
documento ao representante do Tribunal de Contas.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras,
quero cumprimentar o Gerson e o Airton, auditores do Tribunal de Contas do
Estado, e todo o seu corpo técnico, o trabalho, a contribuição que fizeram,
assim como o Ministério Público de Contas, acho que é uma contribuição enorme
no debate sobre o transporte coletivo na nossa Cidade.
Lembro bem a fala do Dr. Geraldo da Camino, quando
foi votado no Pleno – eu estava lá acompanhando a votação, junto com o
Presidente, Ver. Alberto Kopittke –, e ele falava de uma das motivações que
gerou todo esse trabalho, quando, em 2011, houve uma mobilização em frente à
EPTC, onde se reúne o Comtu, criticando a ausência de transparência nas
planilhas, e que, a partir de uma série de investigações e da ausência de
licitação, o Ministério Público começou a fazer as suas promoções, que
alertaram para uma série de fatores. Eu acho que, nesse sentido, a juventude,
as entidades, os movimentos sociais, que pautaram e que lutaram nos últimos
anos contra o aumento das tarifas e, sobretudo, por participação e por
democracia, têm um mérito enorme nesse avanço de transparência por parte do
Tribunal de Contas, que começou a abrir a caixa de Pandora.
Depois, eu quero fazer algumas perguntas em relação
às conclusões e, sobretudo, em relação às informações prestadas numa das
promoções ministeriais o Ministério Público de Contas falava e questionava a
EPTC em relação à confiabilidade dos dados. Quem passava os dados para o
trabalho do TCE e o trabalho do Ministério Público e para a própria EPTC? Eu
quero perguntar aos auditores se confere que é a ATP que presta as informações
relativas à gestão do sistema no que diz respeito à bilhetagem, a passageiros
pagantes, etc. Informações que mostram, na verdade, que não existe a gestão
pública e o controle social necessário para garantir tarifas baratas, transporte de qualidade e participação popular. Ao
contrário, o fato de não ter contratos e de não ter licitação – eu sou uma
defensora do transporte 100% público, há
várias cidades no mundo, inclusive, que avançaram numa concepção de tarifa
zero, é todo um outro debate ideológico – fez com que, na verdade, nos últimos
25 anos, houvesse as trocas por dentro do próprio setor, como os indícios que
nós já falamos várias vezes em relação à empresa Cambará, quando o proprietário
morreu, vendeu as linhas por dentro do sistema, o que é um indício claro de
capitalização e de oligopolização e que eu acho que cabe, evidentemente, uma
investigação, uma comissão externa seria importante para acompanhar a
licitação, mas também seria importante aprofundar a questão dos lucros
indevidos e ilegais dos últimos anos. Então queria perguntar em relação a isso.
E, em relação à questão dos lucros ilegais, na
tabela apresentada, ali, se fala numa margem de 8%. A Auditoria de 2011
apresentava 6,33% de margem de lucro, enquanto algumas empresas apresentavam
19%, 15%, 13%, 11% de taxa de lucro sobre a planilha. Também sobre a questão da
depreciação, porque me parece uma das coisas que não foi acolhida e que vocês
apontaram, seria a questão do aumento do tempo para a depreciação da frota, uma
das questões que foi afastada pelo Relator no Tribunal de Contas. Eu gostaria
de perguntar, porque existe uma remuneração para a depreciação e também existe
uma remuneração para a manutenção, e, portanto, a tarifa remunera a
depreciação, que é um capital das empresas que estão operando no sistema, e
também opera a manutenção - se esse valor da depreciação tem impactos, e me
parece claro que tem, sobre a tarifa? Depois eu queria perguntar sobre a
planilha, ali ficou a questão do envio sete dias antes para os conselheiros,
vocês apresentaram nas conclusões G ou F, para os Conselheiros do Comtu; mas
também, quando eu estava ouvindo, não peguei o voto impresso lá na votação do
Tribunal de Contas. Eu tinha entendido que esta planilha também deveria ser
publicada na Internet com este prazo de sete dias antes, para permitir com que
os Movimentos Sociais e todos nós possamos ter acesso. São essas as quatro
perguntas e agradeço a atenção dos Auditores e parabenizo mais uma vez o
trabalho.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver.ª Fernanda. Não tendo mais inscritos,
coloco a palavra à disposição dos senhores Conselheiros. (Pausa.) O Sr. Gerson
Luiz Souza da Fonseca está com a palavra.
O SR. GERSON
LUIZ SOUZA DA FONSECA: Quero fazer
algumas considerações, então, de ordem geral aqui. O que foi possível observar
é que os Vereadores como Legisladores estão atentos a este debate, foram
colocadas questões aqui, e como a gente tinha combinado com o Vereador
Professor Garcia, nós anotamos cada ponto disso que também servirá de subsídio
a nossa atuação. A maioria dos aspectos aqui contemplados estão espelhados no
relatório e nesta apresentação que o nosso Auditor público externo, Airton,
acabou de fazer. Eu diria até há alguns questionamentos, aprofundamentos que
determinariam uma nova exposição, caberia mais um debate, uma apresentação do
Airton de duas horas. Como a ideia não era travar um debate, isso é próprio do
Poder Legislativo, que vocês vão conversar com os seus pares, vão levantar
dúvidas, trazer outros questionamentos, então, eu quero dizer que tudo foi
anotado, aqui são questões importantes que foram trazidas, que servirão para,
como eu falei, que o Tribunal atue, amplie também a nossa atuação. Não sei se o
Airton quer colocar alguma coisa de ordem técnica geral. (Pausa.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Sr. Airton Roberto Rehbein está com a palavra.
O SR. AIRTON ROBERTO REHBEIN: Tem algumas
perguntas aqui que até é rápido para responder. Então, eu vou discorrer só
sobre aquelas que eu vejo que demandam menos tempo.
Uma pergunta sobre a
margem de redução, a planilha de 2014. O que é que acontece? Um fator
importantíssimo é que, em 2014, a EPTC fez uma revisão tarifária, e isso já era
um apontamento nosso. Como eu disse antes, a EPTC tem andado pari passu, em alguns pontos evoluindo,
assim como em relação a colocar o processo de reajustamento na Internet. Esse é
um compromisso já assumido por ela dentro dos seus esclarecimentos ao Tribunal:
no mesmo dia em que disponibilizar para o COMTU, vai colocar, então, essa ampla
transparência.
Eu queria dizer aos
senhores que esse nosso processo de amadurecimento chega num nível que eu
poderia dizer – nós, que trabalhamos muito nisso, que pesquisamos muito – que é
um nível exemplar. Porto Alegre, ao colocar o processo de reajuste na Internet,
vai se diferenciar de tal maneira...Eu diria aos senhores uma coisa curiosa.
Mesmo nesses momentos que passamos em busca da transparência em Porto Alegre,
ficou evidenciado nas minhas pesquisas que Porto Alegre era o portal mais
transparente do Brasil. Eu já coloquei aqui para os senhores que eu consegui
certos dados em apenas cinco ou seis Municípios, e não eram Capitais muitos
deles, o que realmente é uma pena, pois a população tem que apropriar. Nós,
aqui, vamos dar um grande passo e um grande exemplo ao nosso País.
Com relação aos
valores da publicidade, esses valores estão todos no relatório, mas eu diria
aos senhores – inclusive nós questionamos isso – que se está precisando
melhorar a relação de ganhos em cima desse produto. Ele pode ser um produto
mais explorado, ser feita uma gestão, nós acreditamos nisso, tanto é que, uma
das determinações é que passe, assim como consta na legislação, a gestão dessa
publicidade para dentro da Câmara de Compensação, porque, hoje, a parte dos
consórcios é um contrato da ATP com uma empresa de publicidade. E, no sistema
Carris, já é diferente: eles fazem uma licitação, na Carris é contabilizada
essa receita, inclusive os valores por veículo da Carris são 60% maiores que os
valores apurados nos outros consórcios. A gente entende que há aí uma demanda
reprimida, por valorizar melhor esse produto. Claro, ele vai para onde? Vai
para cobrir o plano de saúde, o valor integral, como tem lá no próprio acordo
coletivo.
Rapidamente, com relação à bilhetagem, o que a
gente observou em conversas com a EPTC é que a bilhetagem teve um ponto que foi
muito importante, porque praticamente eliminou – em alguns pontos até pode ter
mudado a forma –, de forma considerável, a falsificação. Quando havia
falsificação dos vales, vocês lembram que a gente andava pelo Centro e
escutava: “Compro vale! Vendo vale!” Esse período da pós-bilhetagem a EPTC
comemora; a EPTC própria reconhece, em suas reuniões, que o fato de trazer,
para dentro da bilhetagem, todo o sistema, trouxe um raio X do sistema. E isso
acaba comprometendo, muitas vezes, alguns comparativos que vinham sendo feitos
no passado, às vezes, por serem manualizados; às vezes, em função da própria
falsificação. Realmente, se pegarmos o comparativo das informações
pós-bilhetagem, principalmente quando você abre o extrato de usuários, de
gratuidades, fica uma informação comparativa mais crível do que se tinha antes.
A EPTC faz um cruzamento manual do total de passageiros. O que acontece? A
catraca foi mantida, foi mantida com lacre, então é feita a verificação dentro
das garagens, o acompanhamento físico daquele número das catracas; logo, o
valor emitido da bilhetagem tem que fechar, e fecha, par e par, com esse
levantamento físico.
Com relação aos 3% que a EPTC
arrecada, ela arrecada em torno de R$ 18 milhões por ano. Nós colocamos no
primeiro relatório que observamos custos diretos identificáveis através do
Plano de Contas da EPTC e nós encontramos R$ 3 milhões. Isso está no relatório.
Mas isso é identificado dentro da regra de contabilização. O que acontece? Há
de se entender o conceito maior do que está dado. Há muitas questões, que são
indiretas, que dão cobertura ao transporte coletivo. Por isso se pediu um
estudo para que isso seja esclarecido e que se possa até, se for o caso,
inclusive mudar a própria legislação, porque ela, hoje, diz que 3% é o valor
para fazer a gestão da Câmara de Compensação, que é uma coisa que pode ser
fechada. Agora, a EPTC diz que a questão do transporte é muito mais do que
isso. Obviamente, ela tem razão, mas temos que ver como fica a questão legal, o
que tem que ser enfrentado.
O aumento das
reclamações aconteceu realmente, são observados pelos dados da própria EPTC,
que reconhece isso. Mas nós precisamos ver uma série de outros pontos também: a
multiplicação dos celulares, a facilidade, a melhoria dos canais de comunicação
fez com que aumentassem as reclamações, principalmente pelo atraso dos
coletivos. A EPTC tem um índice chamado de Índice de Cumprimento de Viagens, o
principal índice de qualidade que ela monitora; e nós sugerimos que se
aprofunde, que se amplie isso na licitação, que hoje gira em torno de 88, 89%,
já foi de 94%. O que é o Índice de Cumprimento de Viagens? Da tabela de viagens
oferecida pelo operador no começo do dia, de 100%, em média, hoje se cumpre
89%. Um dos grandes motivos, e isso já foi colocado até em pesquisas do próprio
Sindicato dos Engenheiros de Porto Alegre, que Porto Alegre está travada por
questões de obras que fazem com que a velocidade média do veículo decaia muito.
Quando cai a velocidade média do veículo, decai a produtividade do sistema.
Então qualquer tipo de intervenção viária, como um acidente, colabora para que
o sistema não esteja no seu auge de atendimento. Com relação à contabilidade dos
dados, eu já falei para vocês a questão da bilhetagem, essa questão
manualizada, agora, claro que o extrato, essa abertura interna do usuário pela
bilhetagem, a EPTC faz um cruzamento dos totalizadores, porque a catraca, ela é
um número que controla o total, ela não diz qual é que passou ali. Isso foi um
grande ganho que se teve com a bilhetagem.
Quanto à questão do que foi afastado, teve um item
que foi sugerido por determinação do Dr. Geraldo da Camino, e ele foi afastado,
e se tratava da depreciação e remuneração, porque eles identificaram que, ao
travar, ao fazer o travamento da depreciação, em 5 anos, como é feito
historicamente, porque a legislação aceita somente custos que vão até 5 anos, e
a idade média é menor, o suporte técnico do Dr. Geraldo verificou que, ao se
fazer aquele cálculo, quando se ajusta, ele acaba virando numa média; acaba
virando uma depreciação pela média, e, na verdade, a depreciação ela é pelo
método de Cole que é uma depreciação
que é maior nos primeiros anos e vai reduzindo em seguida. Então, ali foi uma
questão mais de interpretação técnica que a gente entendeu, que aquela média,
ela nem sempre vai ser verdadeira. Por exemplo, se aumentar a idade média dos ônibus,
se aumentar a idade média acima dos 5 anos, destrava o custo, e ele vai ser o
custo daí real. Se adotasse aquele método, nós teríamos alguns problemas que na
hora que a depreciação fosse maior que 5 anos, teria que fazer alguma
engenharia no método, para não perder a consistência do método. E isso
atrapalharia uma coisa muito importante, que é a própria legislação, que ela
diz que tu não pode levar o custo maior que 5 anos para a planilha. Então,
nesse sentido, é mais para fins tarifários, é melhor deixar assim, do que
correr qualquer outro risco, que possa imputar em aumento de tarifa. Seria
isso, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Eu quero mais uma vez agradecer a presença dos
senhores e também quero registrar que esse material vai ser solicitado ao
presidente para que fique disponibilizado aqui para a Casa. Então, tão logo a
presidência receba, nós vamos passar para todos os Vereadores.
O SR. DR.
THIAGO: Obrigado, Presidente. Era exatamente isto que nós tínhamos conversado
ali, eu, o Delegado Cleiton e a Ver.ª Fernanda Melchionna: solicitar as lâminas
para que possamos aprofundar os nossos estudos no tema. E parabéns pela
apresentação e pela democratização que o nosso Tribunal de Contas está dando. É
um orgulho para todos nós termos V. Exas. aqui conosco, trazendo-nos essa
apresentação com tantos detalhes e tão bem colocada. É um agradecimento que
este Legislativo faz. Muito obrigado.
O SR. AIRTON
ROBERTO REHBEIN: Obrigado, Vereador, obrigado a todos que valorizaram
o nosso trabalho. Realmente, vocês sabem que nós temos uma agenda corrida. O
próprio Diretor voltou de férias ontem, e nós, na corrida, realmente poderíamos
já ter conversado com ele sobre essa liberação, mas não deu pela corrida mesmo.
Então, não temos nenhum problema –, e eu creio que ele também, imagino – de
passar os slides. Inclusive até para
dar mais segurança, eu vou pegar e salvar em PDF, porque fica um arquivo mais
fácil de olhar, evita tu clicares ali e deletares alguma coisa. Então, o meu
supervisor, o Gerson, com certeza vai levar isso ao Diretor, e, se tiver uma
resposta hoje – não é, Gerson? –, já mando por e-mail para os senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Então, mais uma vez, agradecendo, também quero
agradecer aos Vereadores, que entenderam que os membros do Tribunal de Contas
são técnicos, então, a formatação também dos próprios questionamentos, foi mais
de ordem técnica, e não do embate político de que esta Casa não vai fugir e que
se faz necessário, porque o Tribunal de Contas é um órgão de controle. Eu
gostaria, então, mais uma vez, que os senhores levassem ao Presidente César
Miola o nosso abraço, o nosso agradecimento, porque nós vamos continuar
estreitando esses laços. Eu vou interromper a Sessão para as despedidas aos
nossos palestrantes. Muito obrigado.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h51min.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia – às 16h52min): Estão reabertos os trabalhos.
O Ver.
Reginaldo Pujol solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
13 de fevereiro de 2014. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADA.
O SR. ENGº COMASSETTO (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.
O SR. KEVIN KRIEGER: Sr. Presidente, antes da verificação de quórum, eu gostaria que quem
estivesse inscrito pudesse fazer uso da palavra, assim como aconteceu ontem
neste plenário, quando pedi verificação de quórum, a Ver.ª Sofia já estava
inscrita e ela pôde utilizar a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Vereador, ontem, só tinha a Ver.ª Sofia inscrita, como hoje nós temos
quatro Vereadores, eu consulto o Ver. Comassetto.
O SR. ENGº COMASSETTO: Se há quatro Vereadores inscritos em Liderança, está bem, eu dou acordo.
Porque, na verdade, nós estamos em sete ou oito Vereadores aqui, mas dou
acordo, pois sempre respeitei aqueles que estão inscritos por terem o direito
de falar. Portanto, retiro o pedido de verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado. E eu acho que isso aumenta o nosso poder democrático.
O SR. KEVIN KRIEGER: Eu agradeço, Ver. Comassetto, pela compreensão. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra para uma Comunicação de
Líder.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Presidente,
Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste - e obrigado, Ver. Comassetto -,é um dia
muito triste para mim, nesta tribuna aqui, mais uma vez. Está aqui, ninguém me
disse, está em toda a mídia: “Tinga condena racismo - ‘Trocaria meus títulos
pela igualdade’”. (Mostra reportagem.) Isso é de uma tristeza enorme, é muito
triste!
Já estive várias vezes no Peru, jogando futebol, e,
lá, tem uma porcentagem muito grande de negros.
Brasinha, tu sofreste o racismo por parte de
quatro, cinco pessoas. Isto é uma coisa, quando tu tens o confronto direto,
podes dar a resposta. Agora, tu sofreres o racismo dentro de um estádio, com
30, 40, 50 mil pessoas, é outra coisa. E eu vi, ontem: quando ele pegava a
bola, havia aquele sussurro imitando gorilas. Eu não sei por que essa
implicância com esse animal, que, no reino animal, é um dos mais inteligentes.
Eu vou cobrar da CBF e da FIFA. E lamento. Se eu
sou o capitão da equipe do Cruzeiro, naquele momento...O capitão tem o direito,
lá dentro do campo, de parar o jogo, de chamar o árbitro e o outro capitão e
parar o jogo. Se continuar, nós vamos sair, vamos nos retirar do campo. E a
FIFA e a CBF não podem fazer nada, nem a Conmebol.
Continua essa escravidão em cima da raça, Ver.
Cleiton! Continua!
Gente, é de uma tristeza muito grande. Tinga, tu
não tens que trocar. Nadir, mãe do Tinga, tu botaste uma pessoa maravilhosa no
mundo. Que aqui tu dás rosa e amor, e eles te dão cobra, Tinga. Mas, Nadir, sua
mãe, parabéns, porque tu ensinaste o teu filho a amar o próximo,
independentemente de raça. Eu, sinceramente, sei porque isso, porque nós fomos
uma semente, Ver.ª Fernanda, que saímos da África e fomos jogados aqui no
Brasil, na terra seca. Se deram alguma coisa, ótimo, só que nós demos frutos
maravilhosos, nós ajudamos a construir. Fomos escravos. Outras raças vieram com
promessas de terras. Nós viemos e não tivemos educação, por isso eu quero fazer
o Museu do Negro, para que essas outras sementes que estão chegando possam ver
quem somos nós, que raízes nós temos, de onde nós viemos, o que fizemos aqui no
Brasil, porque senão vai ser difícil. Impedem de fazer esse Museu do Negro. E
eu peço para toda a liderança negra, não é meu o museu, o museu é da raça, o
museu é dos afrodescendentes que estão aqui no Brasil. E aqui em Porto Alegre é
onde tem mais de 40% de afrodescendentes, africanos. Então chegou o momento,
gente, de começarmos. Vamos sair de dentro dessa semente com força e mostrar
que raça é essa, ou vamos continuar sofrendo esse preconceito, essa barbárie em
cima de um guri? Se tivesse dado uma pancada forte, tivesse sido vaiado, tudo
bem, mas em cima da sua cor! Trinta mil pessoas, Presidente, isso me deixa
muito indignado. Por que tem que ser assim? O Brasil tinha que ver isso. A
Presidente da República, Dilma, tinha que ver isso, um país fazendo isso com um
filho brasileiro. E é uma pessoa digna. Olha, Tinga, eles não conhecem o
trabalho social e humanitário que tu fazes dentro da cidade de Porto Alegre. O
teu povo te ama, Tinga, e eu sou um. O exemplo que tu dás como homem e como
jogador de futebol. Que Deus te ilumine. É muita indignação, Presidente. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. DR.
THIAGO (Requerimento): Presidente, além de dar os parabéns pelo
pronunciamento do Ver. Tarciso, solicito a
transferência do período de Comunicações de hoje para a próxima Sessão.
O
SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Dr.
Thiago. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.) APROVADO.
O Ver. Alceu Brasinha está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores,
Ver. Tarciso, realmente é muito feio, muito ridículo no mundo em que a gente
vive acontecer isso ainda. A gente sabe o quanto o Tinga é uma pessoa querida
por todos os gaúchos, por todos os torcedores colorados e gremistas. Estou
contigo, Ver. Tarciso.
Mas quero dizer que é motivo de
alegria ter um amigo que veio lá do Rio de Janeiro me visitar, meu amigo há
mais de 30 anos. É artista da Globo, fez 12 novelas, fez 6 minisséries,
trabalhou no “Os Trapalhões”, trabalhou no “Sítio do Picapau Amarelo”, meu
amigo Serginho que está ali na plateia. Serginho é um grande artista e é meu
amigo há mais de 30 anos. Cada vez que ele vem a Porto Alegre ele vem me
visitar. Fico muito satisfeito com tua visitar aqui no Parlamento Municipal.
Dizer ao Serginho, morador do Rio, sejas bem-vindo sempre.
Senhores, aproveito este tempo para falar a
respeito do meu projeto, um projeto que eu apresentei, todos vocês sabem, mas
eu vou continuar falando todos os dias porque é sobre o meio em que eu convivo,
o futebol, e o futebol é muito importante. Por quê? Eu, Ver. Tarciso – o senhor
sabe –, já estudei profundamente o Estatuto do Torcedor, e em nenhum momento
aparece que não podem ser vendidas bebidas de álcool nos estádios. No próprio
Gre-Nal a gente vê os ambulantes ao redor do estádio vendendo bebidas de
álcool. E as pessoas esperam o último minuto para entrar no estádio. Então, se
não pode lá dentro, também não podem os caras se embriagarem ali fora. E é pior
ainda, porque começa o espetáculo do futebol e os caras querem entrar
imediatamente. E qual é a diferença do espetáculo de um artista, por exemplo
Roberto Carlos, Raça Negra, que venha a se apresentar? Tem o fã-clube que se
aproxima e quer também brigar. E podem tomar. Então, eu acho que Porto Alegre
não merece esse preconceito. Por quê? Na Copa do Mundo liberam tudo. Temos que
aproveitar o momento Copa do Mundo, porque não é possível que venham aqui os
senhores da FIFA e liberem para vender cerveja, vinho, uísque, tudo. E este
projeto que eu apresentei não contempla isso, contempla o que antecede o jogo,
o intervalo, o final e nos camarotes. Então, eu acho que é um projeto que vem
ao encontro da sociedade, ao encontro do torcedor, daquele que vai para torcer
e não para fazer baderna. Porque de baderna nós temos um exemplo péssimo do que
vem acontecendo, do que aconteceu. Isto serve de reflexão para as pessoas que
gostam de ir a espetáculos: animar e não fazer acontecer essas badernas.
Tenho certeza absoluta que este projeto, além de
contribuir com o clube, além de dar mais imposto para o Município, vai fazer
com que as pessoas ingressem no estádio antes. Então, eu acho que as coisas
boas têm que ser apresentadas. Eu não vejo nada de mal. O debate está aberto.
Em momento algum eu vou desvalorizar a Lei do Miki Breier, é uma lei que
contribuiu com o Estado e está contribuindo até agora. Mas, no meu projeto, não
pode vender nas arquibancadas, quando está rodando o jogo. Pode ser adquirido
após o primeiro tempo, ir até a copa, não ficar na arquibancada sentado. Então,
é uma lei que não desrespeita a lei estadual. É uma lei que, simplesmente, pegou
uma brecha, ali onde coube esse projeto.
Então, senhores, eu quero contar com o apoio dos
meus colegas Vereadores, e obrigado por me escutarem. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. KEVIN
KRIEGER: Boa-tarde, quero cumprimentar o nosso Presidente, Ver. Professor Garcia,
e todos os Vereadores e Vereadoras. Eu não poderia deixar de vir à tribuna
responder às acusações que sofremos com o Partido Progressista do Ver. Alberto
Kopittke, quando ele generalizou o Partido Progressista, dizendo que todos
pensam como o Deputado Luis Carlos Heinze na sua manifestação que fez ontem, no
vídeo que foi mostrado, inclusive. O Presidente Celso Bernardes, da bancada
estadual do Partido Progressista, e a Ver.ª Mônica Leal, nossa Líder da
bancada, e eu, ontem mesmo fizemos uma manifestação pública de repúdio a essa
manifestação, Ver. Tarciso. E a história está aí, os fatos estão aí.
O Partido Progressista em Porto Alegre, em 2005,
construiu uma história junto aos movimentos sociais. Eu fui Secretário, Ver.ª
Jussara Cony, dos Direitos Humanos; organizei a Semana da Consciência Negra
durante quatro anos; organizei a Parada Gay durante quatro anos; junto com o
Ver. Carrion, Vereador nessa época, quando o Quilombo Silva estava sendo
reintegrado à sua posse, eu e o Ver. Carrion estivemos à frente daquele
Quilombo, negociamos com a Brigada Militar e não houve a reintegração de posse;
quando estive na Secretaria de Direitos Humanos e assumi, logo depois do
Governo do PT, na transição havia um projeto da construção do espaço de
sustentabilidade caingangue na Lomba do Pinheiro, para os indígenas. Pois é,
Ver. Mario Fraga, na transição do PT para o nosso governo, quando assumi aquela
pasta, não fui avisado desse projeto. Se não fossem os servidores públicos
daquela Casa e daquela secretaria me avisarem que o governo ia perder a verba
de construção desse espaço, eu tinha 15 dias para resolver essa situação...
Tive que pegar o avião, ir para a Espanha e procurar a ONG espanhola que estava
financiando esse projeto, Ver. Tarciso; senão nós teríamos perdido, e o PT,
junto com o Prefeito Fogaça, não tinha construído o espaço de sustentabilidade
caingangue na Lomba do Pinheiro, que construiu habitações populares, centro
fitoterápico, centro de saúde, escola bilíngue, telecentro e tantas outras
coisas para a comunidade indígena. Isso demonstra o quanto o Partido
Progressista respeita as minorias, respeita os movimentos sociais. Não é uma
palavra de um Deputado nosso que errou e fez uma declaração infeliz que vai ser
generalizado como tentou se fazer nesta tribuna. Nós não admitimos isso de
forma nenhuma.
E quero me solidarizar também, Tarciso, com o
Tinga, um homem que já jogou na dupla Gre-Nal, é um grande cidadão e faz muito
pela nossa Cidade, nas periferias da Cidade. Tem também o apoio do Partido
Progressista do Estado e da cidade de Porto Alegre, a nossa solidariedade.
Eu vejo também, em algumas declarações do Ver.
Alberto, que fala na ditadura, que vai voltar a ditadura, que é isso que o
Partido Progressista quer. Pelo amor de Deus! Isso já é passado! O Brasil
avançou. O PT é que não assinou a Constituição de 1988! Foi o único Partido, se
não me engano, que não assinou a Constituição. Vai ver, Ver. Tarciso, que ele
lembra da ditadura, porque a ditadura de Cuba está aí há tantos e tantos e
tantos anos, que está explorando os médicos cubanos no Brasil, que o governo
brasileiro está pagando R$ 713 milhões por ano para o governo de Cuba! E o que
é feito com esse dinheiro? Enquanto o médico cubano, que está fazendo esse
trabalho maravilhoso no Brasil - porque eu sou a favor do Mais Médico, mas
desde que esse médico não seja explorado -, está ganhando R$ 900,00 para atender
na Unidade Básica de Saúde. Nós não concordamos com isso; nós concordamos, sim,
com mais médicos, apoiamos esse programa que leva o médico para a periferia,
mas queremos que todas as nacionalidades que vêm prestar esse serviço
importante para a nossa sociedade e para a nossa comunidade também recebam o
mesmo valor como todas as outras nacionalidades.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver. Kevin.
O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, público aqui presente, colegas
funcionários desta Casa, este ano comemoraremos, nós do PDT e a Nação
brasileira, 50 anos de um projeto que alguns tentaram se apoderar - na verdade,
nada se apodera do que é do povo: o cinquentenário do Banhado do Colégio.
Reforma Agrária, mais uma das bandeiras do meu Partido, mais uma das bandeiras
do povo brasileiro. E este ano, lá em Camaquã, próximo à cidade de
Encruzilhada, por onde eu passei, muitos encruzilhadenses passaram e lutaram
nesse movimento; entre eles, Milton Ceres, que foi Prefeito dessa cidade, pai
do meu querido Wilson Müller, Presidente da Asdep.
Por que eu falo sobre essa situação de reforma
agrária? Infelizmente, alguns Deputados da Frente Parlamentar de Agropecuária
repassaram, em seus discursos, um sentimento homofóbico, um sentimento de quem
quer o Brasil travado, de quem quer continuar com terras que não produzem.
Muitos, não todos. Tenho vários amigos que têm suas terras produtivas, que
trabalham e vivem da terra. Tenho vários amigos, pequenos agricultores, e,
também, grandes agricultores, fazendeiros. Infelizmente, alguns, uma minoria,
criam cabeças de formigas em suas terras. Estão lá as terras paradas há anos,
utilizando-se delas somente para fazer empréstimo no Banco do Brasil para
passearem de caminhonetão!
Então, alguém vem dizer, num discurso extremamente
radical contra negros, contra homossexuais, contra índios, como se não
tivéssemos nós participação efetiva de trabalho nessa terra. Não temos terra,
porque nos foi tirada; foi tirada dos índios, não foi dada aos negros. Isso
sim; não temos terras.
Dizer como bandeira para continuar explorando os
latifúndios, dizer como bandeira que os negros, homossexuais, índios são uma
raça que não presta - nem lembro bem os termos -, que são gente que não presta.
Eu não quero nem colocar em termos de Partido,
porque não é nem questão de Partido; é questão de ser humano, é questão de
caráter, e caráter, como dizia o meu pai, não se compra, caráter não se compra.
Então, é questão de caráter individual, desses senhores, que não tenho nem como
qualificar, mas esses senhores querem o retrocesso do nosso País. Obrigado,
senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Professor
Garcia): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, gostaria, meu
querido amigo Brasinha, gremista de coração, de agradecer pela visita que V.
Exa. estende, além da sua casa, à nossa Câmara Municipal; e quero dizer ao
Serginho que eu tenho filhos e netos que são seus fãs, e que a sua presença
honra muito esta Casa, porque é um dos espaços da cultura do povo brasileiro.
Muito obrigada, e obrigada ao Brasinha por lhe trazer, estendendo a visita
familiar à Câmara Municipal.
Eu quero dizer, Ver. Tarciso e Ver. Cleiton, que,
hoje, quando cheguei aqui, cheguei indignada, porque, de ontem para hoje, Ver.ª
Fernanda, foram dois os motivos da minha indignação. E, quando eu fico indignada,
eu tenho que me acalmar um pouco para poder fazer um equilíbrio entre a razão e
a emoção para que a gente possa dialogar num nível diferenciado do diálogo que
hoje está não só neste País, mas no mundo. Ontem, eu falava um pouco sobre
isso, que não é o diálogo. O que o Tinga sofreu em outro País, todos nós
sofremos ontem no Brasil, porque é o racismo instalado, que perpetua por outras
dominações, como a dominação de classe. É inadmissível! Nós temos que avançar
muito, muito, para construir a verdadeira democracia, porque um Estado, uma
Nação, seja em que lugar do mundo for, onde perpetue o racismo, não é um estado
democrático.
Ontem, eu vi, pelo Facebook – o André Machado publicou, eu vi e republiquei -, o
pronunciamento de dois Deputados dizendo que os negros, os índios, os
homossexuais, as lésbicas, os gays -
ele misturou tudo - são a pior gente deste País. Então eu sou essa pior gente,
V. Exa. é, Ver. Tarciso, assim como o Ver. Cleiton e a Ver.ª Fernanda, porque
nós somos brasileiros. Eu sou descendente de indígena; a minha avó era guarani,
massacrada, da mesma forma que os negros, pelos que, hoje, se dizem donos da
terra desta Nação. Nós somos, então, esta pior gente. Exatamente, os negros,
com a sua resistência, nossos Quilombos...E o Vereador que antecedeu na
tribuna, dizendo que não era opinião do seu Partido, acho que é bom que ele
diga isso, é bom. Lembrava aqui o nosso Ver. Carrion, um dos Vereadores que
teve um papel importantíssimo, mas teve um papel importantíssimo, liderado pela
luta do povo negro do Quilombo Silva, porque os Quilombos são uma forma de
resistência da Cultura de uma das três raças que conformaram a nossa maior
riqueza - a nossa diversidade humana -: brancos, negros e índios. Dois
Deputados Federais, incitando a resistência, a violência dos donos da terra,
com os verdadeiros donos: uns porque são nativos daqui; outros porque vieram,
acorrentados, ajudar a construir a riqueza dessa nação. Então, é um ataque à
luta de todo o povo brasileiro, o racismo, a homofobia, é um ataque à luta de
todo o povo brasileiro. E eu acho que nós temos que estar muito atentos, nós
temos muita responsabilidade para botar esse debate de ideias no rumo, porque
nós estamos neste ano na demarcação entre dois Projetos: um projeto que tem que
fazer o Brasil avançar, liderado pela Presidenta Dilma, e o Projeto daqueles
que querem o retrocesso nesse País, que patrocinam, Ver.ª Fernanda -
conversávamos há pouco -, exatamente, jovens, negros da periferia, pagos pelo
fascismo, para patrocinar o caos e a barbárie na nação brasileira. Nós temos
que estar muito atentos. Então, quando V. Exas. vêm aqui...Eu não gosto dessas
Exas., eu acho que é o Tarciso, é o Cleiton; somos nós aqui, homens e mulheres
que estamos aqui exatamente porque fomos postos porque temos lado, porque
sabemos o que queremos, porque não compactuamos com qualquer forma de opressão,
de discriminação, porque isto é oprimir uma nação como um todo, por isso que
nós precisamos das reformas: Agrária, Urbana, Política, da Mídia, que patrocina
e mantém também essas formas de racismo, Tarciso, Cleiton, toda a solidariedade
há dois negros que represento de uma bisneta de Guarani. Nós somos o exemplo, o
branco, o negro e o índio, do País que tem a maior riqueza porque tem a maior
diversidade cultural. E nós temos que dizer não a qualquer forma de opressão,
de racismo, a qualquer forma de dominação.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Eu queria,
primeiro, cumprimentar o Serginho, que faz uma visita à Câmara na tarde de
hoje. Também queria registrar a nossa indignação diante de dois fatos – um foi
veiculado na tarde de ontem, e outro ocorreu durante o jogo na noite de ontem.
Quero referendar, acompanhar os pronunciamentos do Tarciso, do Cleiton e da
Jussara no que diz respeito à indignação, primeiro, com o que foi feito ao
nosso jogador, o Tinga. Ouvi uma entrevista dele hoje, dizendo que ele trocava
todos os títulos por respeito. Mas que sociedade é essa em que, em pleno 2014,
alguém coloca que aceita trocar por respeito os seus títulos, a sua profissão,
a sua vida? Isso depois de muitos anos do movimento negro, que conquistou uma
série de avanços na legislação, como a tipificação do racismo como crime
imprescritível e inafiançável. Isso é verdadeiramente inaceitável. E eu
concordo plenamente que, naquele momento, deveria ter sido suspenso o jogo para
mostrar que não pode se repetir, para mostrar para aqueles que faziam gestos e
cânticos racistas que é inaceitável, dentro e fora do campo de futebol,
qualquer ato racista, preconceituoso e discriminatório.
Lamentavelmente, nós
sabemos que não ocorre só dentro do campo de futebol, que ocorre na sociedade,
que ocorre no acesso ao emprego, que ocorre na renda menor que as mulheres e os
homens negros recebem em comparação com o homem branco. Ocorre, muitas vezes, o
racismo institucional, como no caso dos dois meninos africanos que foram
revistados, presos porque usavam um tênis de marca – estavam num ônibus de
Viamão, se não me engano. Aconteceu o ano passado, esta Câmara recebeu o caso,
mas, infelizmente, nada ocorreu. Foi um caso grave de racismo institucional do
ponto de vista de uma série de violação de direitos, que nós vemos sistematicamente.
Mas mais chocante ainda é
assistir à representação política da Bancada ruralista incitando ao ódio, à
intolerância, à violência, à constituição de milícias armadas para violentar
indígenas, quilombolas, gays e
lésbicas, que também foram atacados num pronunciamento odioso e intolerante,
que foi gravado, foi no ano passado, pelo que vi nos jornais, mas que só veio à
tona ontem, sendo que esse Deputado reiterou esse pronunciamento absolutamente
fomentador do ódio. E é dessas ideias, é dessa intolerância, é dessa violência
aceita também nos Palácios que se prolifera o racismo na sociedade. Por isso é
muito importante a gente não só se posicionar aqui na tribuna na tarde de hoje,
mas se posicionar junto aos movimentos sociais e populares diante das suas
lutas, porque existe, na verdade, uma tentativa clara de acabar com os
territórios quilombolas, de mexer, como a PEC, na demarcação das terras
indígenas, de acabar com os direitos conquistados na constituição dos povos
originários, povos que foram retirados das suas terras, povos que foram
dizimados pelos portugueses, pelos colonizadores – exploradores, melhor
palavra. E nós – resolvi vir a esta tribuna também – protocolamos uma Moção de
Repúdio ao Deputado Heinze e Deputado Alceu Moreira, e eu quero oferecer a
moção a cada um que queira assinar, eu espero que ela seja aprovada por
unanimidade. Acho que é muito importante que o Parlamento Municipal se
posicione frontalmente contra a intolerância, o racismo, a homofobia, a
violência e a incitação a milícias e assassinatos no campo.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Ver.ª Fernanda.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h30min.)
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